
Do ATUAL
MANAUS – Elaborado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e pela Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) do Ministério da Saúde, o Manual Técnico para o Atendimento de Indígenas Expostos ao Mercúrio no Brasil reúne diretrizes clínicas para diagnóstico e tratamento de pessoas intoxicadas, além de fluxos de atendimento ajustados às realidades culturais e territoriais dos povos indígenas.
O manual técnico foi elaborado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) para orientar médicos, autoridades públicas e os próprios indígenas sobre as consequências da contaminação pelo produto. O principal meio de infecção humana é por consumo de peixe contaminado em rios onde há atividade intensa de garimpo ilegal, sobretudo, na Região Norte.
O manual tem 266 página e sete partes com gráficos, localização de departamentos de saúde indígena, orientações de tratamento e estatísticas de casos e uma ficha de notificação de intoxicação. Foram impressos mil exemplares para distribuição em todo o país, mas há a versão digital.
Segundo os estudos científicos que embasaram a elaboração do manual, as Terras Indígenas Kayapó, Munduruku e Yanomami estão entre as mais afetadas pela atividade garimpeira ilegal de ouro. O manual reconhece os saberes e contextos culturais dos povos atendidos e orienta profissionais de saúde a atender indígenas sem desrespeitar a cultura tradicional.
Segundo Ana Claudia Vasconcellos, uma das coordenadoras do projeto, a proposta surgiu justamente de consulta às comunidades indígenas. “Durante nossos trabalhos de campo com os povos Munduruku e Yanomami percebemos que muitos desconheciam como o mercúrio chegava a seus corpos e nem os profissionais sabiam como agir. Por isso, decidimos elaborar um material que apoiasse, de forma prática e sensível, às equipes de saúde”, diz.
O mapeamento ientificou que a área garimpada ilegalmente atinge 13,7 mil hectares na TI Kayapó, 5,5 mil na TI Munduruku e 3,3 mil na TI Yanomami. Com base nesses dados, a primeira fase de implementação priorizará os DSEIs (Distrito Sanitário Especial Indígena) Amapá e Norte do Pará, Yanomami, Rio Tapajós e Kayapó, regiões consideradas de alto nível de contaminação por mercúrio
“Sabemos que a exposição ao mercúrio, decorrente principalmente da atividade do garimpo ilegal, traz consequências graves e duradouras para a saúde. Por isso, esse manual também é um instrumento de fortalecimento da rede de atenção à saúde indígena, especialmente nas regiões onde a vulnerabilidade é maior”, disse Sonia Guajajara, ministra do Ministério dos Povos Indígenas.
O projeto teve o apoio também do Ministério da Saúde e do MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas).