MANAUS – A cidade de Manaus é cortada por igarapés, e alguns deles já foram importantes para o lazer. Há décadas, no entanto, vem sofrendo um processo de degradação, sem qualquer perspectiva de recuperação desses cursos d’água.
Na campanha eleitoral deste ano, a maioria dos candidatos a prefeito sequer toca no assunto “meio ambiente” em seus programas de governo apresentados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no ato do pedido de registro de candidatura.
A questão ambiental não se limita ao cuidado com os igarapés, mas eles são a principal ferida aberta na capital amazonense e deveriam envergonhar a todos: autoridades e moradores da cidade.
Todos os anos, toneladas de lixo são despejadas nos igarapés, e grande parte desse material chega aos rios Negro e Solimões. Da mesma forma os esgotos de boa parte das residência também é despejada nos igarapés e rios.
Por isso, faz-se necessário incluir os igarapés em uma política ambiental séria, que contemple tanto medidas de recuperação quanto de proteção dos cursos d’água.
O morador de Manaus precisa ser envolvido de alguma fora pelo poder público para contribuir com esse processo de não degradação. O primeiro passo seria abandonar a prática de despejar lixo nas ruas e nos igarapés.
Para isso, é preciso envolver a comunidade. Cada cidadão precisar estar consciente de sua participação no processo de recuperação da cidade. Mas é necessário que esteja ciente dos benefícios que isso traria, por exemplo, para a saúde, e até para a economia do município.
Para além dos igarapés, o gestor municipal também precisa se preocupar com a poluição sonora, com a poluição do ar e com a degradação da floresta.
É inconcebível a permissividade em relação às descargas de ônibus, caminhões e carros que emitem fumaça preta pela cidade diuturnamente sem que seus motoristas e proprietários sejam incomodados.
Da mesma forma, não se pode aceitar a invasão das margens dos igarapés por barracas e construções irregulares no lugar de árvores. Essa prática vem sendo adotadas mesmo após a realização de trabalhos de recuperação das margens, como é o caso do Prosamim, programa do governo estadual de recuperação dos igarapés.
Muito se fala em arborização da cidade, mas há décadas a cidade está estagnada nesse quesito. O plantio de árvores não tem trazido resultados satisfatórios, porque nem o poder público nem os moradores da cidade têm o cuidado que essas plantas precisam para se desenvolver. Elas morrem ou são destruídas por vândalos na mesma proporção em que são plantadas.
Como já dissemos em outra ocasião, os candidatos falam muito em cuidar das pessoas. Fariam muito mais pelas pessoas se dedicassem sua administração a cuidar da cidade. Investir em comunicação que atinja a alma do cidadão é um caminho que deve ser experimentado.