MANAUS – Políticos do Amazonas passaram a defender, nesta segunda-feira, 17, mudança no Plano Nacional de Imunização para retirar os presos do grupo de prioridades da vacinação contra a Covid-19. Um desses políticos é o vereador Marcelo Serafim (PSB), líder do prefeito David Almeida (Avante) na Câmara Municipal de Manaus.
O argumento usado pelo parlamentar é que a letalidade entre os presos mortos pela Covid-19 no Brasil é de 0,35%, enquanto entre as pessoas que estão livres e trabalhando, essa mesma letalidade é de 2,8%. Quem está solto tem oito vezes mais chances de morrer de Covid do que quem está nos presídios brasileiros.
Essa análise já havíamos feito neste espaço de opinião. Questionamos por que uma pessoa que usa o transporte coletivo (um dos espaços mais evidentes de aglomeração de pessoas) para ir ao trabalho e retornar para casa diariamente tem menos direito à vacina do que os presos que, em tese, não deveriam ter contato com o mundo exterior ao presídio? (Leia também aqui)
Um controle mais rígido nos presídios poderia reduzir ainda mais o risco de contaminação de presos pelo novo coronavírus, controle que é impossível fazer aos trabalhadores que dependem do transporte coletivo urbano para se locomover diariamente.
Mas a defesa do AMAZONAS ATUAL vai além da não prioridade aos presidiários. Defendemos, desde o mês passado, que as autoridades de saúde não paralisassem a vacinação por grupos de idade, mas a mantivesse junto com os grupos prioritários.
Seria possível, por exemplo, manter a vacinação para pessoas com 59 anos sem comorbidade enquanto se vacinavam pessoas com comorbidade com idade entre 50 e 59 anos. Dessa forma, não se paralisaria a vacinação por idade enquanto vacinavam os grupos prioritários.
Vencida a etapa de vacinação do grupo com 59 anos, passaria para as pessoas com idade de 58 anos. A escassez de vacinas não pode ser usada como desculpa para excluir pessoas sadias da fila de vacinação.
A título de exemplo: se existem 100 pessoas para se vacinar e dessas, 40 têm comorbidades, vacinam-se 30 com comorbidades e dez sem comorbidades, escolhendo priorizando as pessoas com comorbidades mais severas.
A desculpa para a exclusão das pessoas sadias da fila de vacinação é que assim foi desenhado o Plano Nacional de Imunização. Se o plano contém equívocos, que eles sejam corrigidos. E neste caso, há, sim, equívocos na definição de prioridades para a vacinação.
O vereador Marcelo Serafim apela aos órgãos de controle, ao Ministério da Saúde e ao Supremo Tribunal Federal para que façam a inversão de prioridades colocando os trabalhadores à frente dos presos.
O ATUAL defende uma revisão geral no Plano Nacional de Imunização para não deixar nenhum grupo sem perspectiva de receber a vacina contra a Covid-19.