
Por Gabriel Hirabahasi e Karla Spotorno, do Estadão Conteúdo
PARIS – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é preciso que o mundo reúna US$ 1,3 trilhão (R$ 7,2 trilhões) para enfrentar as mudanças climáticas, sob o risco de “criar um apartheid climático” caso isso não aconteça.
“Sem mobilizar US$ 1,3 trilhões para o enfrentamento da mudança do clima, corremos o risco de criar um apartheid climático. Eu estava na COP15, na Dinamarca, quando os países mais desenvolvidos prometeram uma contribuição financeira de US$ 100 bilhões para ajudar os países que ainda têm floresta em pé a manter a floresta em pé”, declarou.
O presidente voltou a dizer que “embaixo de cada árvore deve ter um indígena, um pescador, um extrativista, um pequeno produtor rural, e é importante a gente garantir a essa gente o direito de se manter na floresta vivendo com o mínimo de qualidade de vida”.
Lula afirmou que “chegou a hora de todos cumprirmos as promessas sobre o clima”. Voltou a falar que os países ricos precisam financiar os mais pobres que ainda têm florestas em pé.
O presidente brasileiro, porém, cobrou que a França faça parte do polo doador aos países menos desenvolvidos, ainda que os franceses tenham parte de seu território na Amazônia por meio da Guiana Francesa.
“Daí porque é preciso que haja recursos dos países desenvolvidos A França não pode entrar na partilha desse dinheiro por causa da Guiana Francesa, porque a Guiana está na parte mais pobre do mundo, mas a França está na parte mais rica, então a França não é receptora, tem que ser doadora do dinheiro”, declarou.
Democracia
Ao lado do presidente francês Emmanuel Macron, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira a democracia, o multilateralismo e o livre comércio. “Não é possível destruir coisas que foram construídas com muita força depois da Segunda Guerra Mundial e tentar voltar o protecionismo, o unilateralismo e a fraqueza da democracia que estamos vendo no mundo hoje”, disse Lula, durante discurso em Paris.
“Defender a democracia não é uma coisa pequena, é a coisa mais importante que a gente tem que fazer. (…) A União Europeia, quando construiu um Parlamento, um Banco Central, uma moeda, as comissões que representam, passa para mim uma espécie de patrimônio universal da democracia, e é isso que temos de garantir. Não podemos vacilar na defesa dessas coisas que são sagradas para a sobrevivência da humanidade”, afirmou.
O presidente brasileiro também disse que é preciso que o mundo reúna US$ 1,3 trilhão para enfrentar as mudanças climáticas, sob o risco de “criar um apartheid climático” caso isso não aconteça.