MANAUS – Conciliar política partidária com política pública é praticamente uma utopia no Brasil. No momento em que o MP-AM (Ministério Público do Amazonas) pede lockdown (confinamento total) em Manaus para tentar conter o avanço do coronavírus, os deputados estaduais aprovam a liberação das igrejas para cultos e missas.
Organizações religiosas se tornaram influentes politicamente devido ao rebanho de eleitores que podem fazer a diferença em uma eleição. Preservar o voto desse eleitorado, portanto, é uma jogada eleitoral. Tanto vale se for uma aposta certeira ou de risco.
Por outro lado, apesar do discurso de “cuidar da saúde da alma”, há um interesse financeiro por trás da abertura das igrejas e templos, que perderam uma de suas principais fontes de renda: as doações durante os cultos.
Reabrir as igrejas com 30% da capacidade significa a retomada dessa fonte de arrecadação.
Outro argumento dos deputados, o de que o projeto traz medidas de segurança, como distanciamento entre pessoas, proibição de frequentadores do grupo de risco e de famílias com doentes de Covid-19 é uma falácia, porque não há como controlar esse tipo de circulação com segurança.