Da Redação
MANAUS – O presidente da ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas), deputado Josué Neto (PRTB), afirmou que os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) doados pelos deputados através do Programa Assembleia Viva ao Governo do Amazonas foram destruídos. A reportagem pediu acesso ao documento citado pelo deputado como prova, mas ele informou que não poderia ceder.
O governo emitiu nota, logo em seguida, em que “repudia veementemente” a acusação do presidente da Assembleia.
“Os EPIs doados pela iniciativa privada, inclusive os EPIs doados pelo Programa Assembleia Viva, da Assembleia Legislativa, estão sendo inutilizados. Ou estão mandando queimar ou estão mandando trancar. Não podem ser utilizados pelos servidores da área da saúde, pelos administrativos e pelos enfermeiros e eu tenho como provar isso”, afirmou Josué Neto.
Na segunda-feira, 27, a ALE doou 1 mil protetores faciais para profissionais de saúde dos Hospitais 28 de Agosto, João Lúcio e Platão Araújo. O material foi doado ao Parlamento pela empresa Transire Componentes Eletrônicos, instalada no PIM (Polo Industrial de Manaus).
As acusações foram apresentadas pelo deputado em sessão virtual da ALE na manhã desta quarta-feira, 29. Segundo Josué Neto, as denúncias contra o Governo do Amazonas serão encaminhadas ao MP-AM (Ministério Público do Amazonas).
O presidente da ALE afirmou que profissionais da saúde que fizeram manifestação na segunda-feira, 27, foram perseguidos e demitidos. “Não conceder os EPIs que estão em estoque na Cema (Central de Medicamentos do Amazonas já é uma falta grave. Perseguir os servidores que se manifestaram é outra falta grave”, disse Josué Neto.
Para o deputado, “mandar inutilizar os equipamentos que estão sendo doados” é “assassinato”. “Isso é pior que campo de concentração da Alemanha, do nazismo. Essas atitudes são dignas de nazistas”, disse Josué Neto, acrescentando que recebeu documento oficial relatando que existem “milhares de EPIs em estoque na Cema”.
Mão de ferro
Ainda durante a sessão, Josué Neto rebateu críticas do deputado estadual Doutor Gomes (PSD) de que uma intervenção federal na saúde representaria uma administração “mão de ferro.” O presidente da ALE disse que preferia “mão de ferro” ao invés de “mão mole”, se referindo ao vice-governador Carlos Almeida Filho.
“Eu prefiro colocar a minha vida, colocar o meu sentimento, a minha vontade de ver uma administração mão de ferro na saúde salvando vidas, do que uma mão mole matando as pessoas no Estado do Amazonas” disse Josué Neto.
“O atual vice-governador iniciou a saúde em janeiro de 2019 e de lá pra cá nunca houve sequer algo que possa ter melhorado e salvado a vida das pessoas, Ou a gente está esquecendo das crianças cardiopatas? Finalizou 2019 com mais de 30 mortes de crianças.”, afirmou o deputado.
Sobre o pedido de intervenção federal na Saúde do Amazonas, Josué Neto também disse que o Governo Federal “não negou ajuda ao Amazonas” e afirmou que foi o Governador Wilson Lima que se negou a receber ajuda do Governo Federal.
“A intervenção federal precisa do aval do governador. Chegou o convite ao governador e o governador respondeu: não é preciso. Está tudo ocorrendo tranquilamente bem no Amazonas. Essa foi a frase do governador do Amazonas. E não foi divulgada por mim, foi divulgada pela Folha de São Paulo e pelo Estado de São Paulo. Portanto não foi o Governo Federal que negou apoio ao Governo do Amazonas”, disse Josué Neto.
Repúdio
Em nota, o Governo do Amazonas afirmou que “repudia veementemente” a acusação Josué Neto de que o Estado está “mandando queimar ou trancar” EPIs doados pela iniciativa privada e pela ALE.
Conforme o governo estadual, “todas as doações recebidas, que se destinam à rede estadual de saúde, são direcionadas” para a Cema, de onde são dispensadas diariamente para as unidades de saúde, conforme demanda apresentada pelos gestores das mesmas.
O Governo do Amazonas informou que a centralização foi adotada para que o Estado tivesse o controle efetivo da distribuição das doações.
Leia a nota do Governo do Amazonas:
O Governo do Amazonas repudia veementemente a acusação do presidente da Assembleia Legislativa (ALE-AM), Josué Neto, de que o Estado está “mandando queimar ou trancar” EPIs doados pela iniciativa privada e pela ALE-AM.
O Governo do Amazonas assegura que todas as doações recebidas, que se destinam à rede estadual de saúde, são direcionadas para a Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), de onde são dispensadas diariamente para as unidades de saúde, conforme demanda apresentada pelos gestores das mesmas. A centralização foi adotada para que o Estado tivesse o controle efetivo da distribuição das doações.
O Governo do Amazonas afirma, ainda, que não recebeu denúncia formal do deputado sobre as acusações, como requer em se tratando de grave denúncia, sobretudo quando se há interesse de fato que se apure a verdade.
O Governo do Estado tem total interesse em esclarecer os fatos e vai solicitar, formalmente, que o deputado comprove as acusações, até para que procedimentos internos sejam adotados, caso tenha havido alguma medida que não esteja de acordo com as orientações da Secretaria de Estado da Saúde (Susam).
Por fim, o Governo do Amazonas coloca a Susam e a Cema à disposição para prestar qualquer esclarecimento, não somente à ALE-AM, mas a todas as empresas que doaram e que até aqui depositaram total confiança no Estado.