Da Redação, com Ascom TJAM
MANAUS – Após doze meses de espera, o processo de adoção internacional de quatro irmãs amazonenses, que iniciou em outubro do ano passado, foi concluído com a assinatura do certificado de conformidade da Adoção Internacional pelo desembargador Lafayette Vieira Júnior.
O processo iniciou na região Nordeste e, sem conseguir a adoção, o caso foi transferido para o Amazonas. Das quatro irmãs, o casal da Suíça adotou as duas mais novas. Já as duas mais velhas foram adotadas por um casal peruano que chegou às meninas ao acompanhar o processo do casal de amigos da Suíça.
O documento foi entregue, na manhã da última quinta-feira (3), ao casal A.G.A.R e S.P.R. que se tornaram pais de duas das meninas: R.V.A.T.R., de sete anos, e A.E.A.R., de nove anos. A família embarcou na segunda-feira (7) para a cidade de Lugano, na Suíça.
No mesmo dia em que estava sendo concedida a habilitação de viagem da família suíça, as irmãs mais velhas, R.M.S, de 11 anos, e S.M.S, de 13 anos, embarcavam com seus pais peruanos R.M.B.S e P.O.B.S, para a cidade de Curitiba/PR, onde atualmente reside o casal.
As quatro crianças viviam em situação de vulnerabilidade quando, há um ano e três meses, foram acolhidas por missionárias da comunidade Missão Resgate, da Igreja Católica.
O processo conduzido pela juíza da Vara única de Canutama, Naia Yamamura, passou por todos os rigores exigidos pelas normas dos governos Brasileiro e Suíço, no que concerne à segurança das crianças e do casal adotante, e registrou um tempo recorde de resolução.
De acordo com desembargador Lafayette Vieira Júnior, em média, no Brasil, o tempo de duração de um processo de adoção internacional é de três anos. “Mas isso notoriamente já começa a mudar aqui no Amazonas”, comemora o corregedor.
A história dessas crianças começou a ganhar novos rumos a partir do desejo de um engenheiro suíço e sua esposa, brasileira naturalizada suíça, de terem filhos.
Inicialmente o casal foi habilitado como adotante junto à Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional de Alagoas (Cejai-AL). Após três anos na lista de espera, a Cejai-AL trocou informações com a equipe do Amazonas e pelos meios legais disponibilizou o processo para habilitação local.
Como estavam geograficamente longe do Brasil, eles pediram que uma amiga, que mora em Curitiba, acompanhasse o processo junto ao TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas).
Ao conhecer as duas futuras filhas dos suíços, a amiga R.M.B, de nacionalidade peruana, se perguntou como ficariam as irmãs que iriam permanecer diante de mais uma separação de seus laços biológicos.
A amiga, mãe de dois meninos, compartilhou com a família a ideia de adotar uma das crianças, e o marido P.O.S, respondeu: “Só aceito se for as duas. Não quero ser o motivo de fazer uma criança chorar mesmo que seja longe de mim”.
A partir daquele momento o casal passou a viver sentimentos próprios de uma gravidez, com a expectativa de logo ter as filhas nos braços.
Após passarem por todas as etapas do processo, os dois casais desembarcaram em agosto deste ano em Manaus, com destino a Canutama, município a 555 km em linha reta da capital do Amazonas, onde cumpriram parte da fase de convivência com as crianças, sob a supervisão da juíza Naia Yamamura e da equipe multidisciplinar da Cejai-AM.
De acordo com o casal suíço, desde que abraçaram as filhas em Canutama só aumenta a certeza de que valeu a pena todo o esforço.
“Estamos realizando um sonho. Só não tínhamos noção de que a realidade seria ainda melhor. Foram muitas horas de viagem, crise de ansiedade, expectativa. E ao colocarmos os pés no Amazonas para conhecer o lugar em que nasceu as nossas meninas tudo tornou-se mágico. A cada dia nos sentimos mais felizes e percebemos que elas também estão. Agora queremos muito poder chegar em casa, a família toda nos aguarda para comemorar junto”.
Para a juíza titular da Vara da Infância e Juventude que atuou no caso, o apoio despendido pela Cejai-AM e por toda a equipe multidisciplinar envolvida fez da conclusão desse processo uma história de sucesso sob vários aspectos, inclusive pelo fato da adoção ter sido compartilhada entre pessoas do mesmo círculo de amizade, o que possibilitará, apesar da distancia geográfica, o contato entre as quatro irmãs para sempre.
Adoção Internacional
Apoiar a adoção foi uma das prioridades anunciadas pelo corregedor-geral de Justiça, desembargador Lafayette Vieira Júnior, ainda na ocasião de sua posse em 4 de julho de 2018, e esse compromisso vem sendo cumprido por meio da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional, que por ele é presidida.
Segundo Lafayette Júnior, “o caso de Canutama é um exemplo da forma célere e da atenção com que o tema tem sido tratado. O processo de adoção das quatro irmãs levou 12 meses para ser concluído, isso é um feito digno de comemoração. Nossa meta é resolver as ações de adoção no mais curto espaço de tempo possível, resguardando todos os ritos oficiais e a segurança das crianças e dos adotantes.”, anuncia o corregedor.