
Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – A médica residente Karina Moustafa, irmã do médico Mohamad Moustafa, considerado pelo MPF (Ministério Público Federal) como líder de um esquema de fraudes na saúde pública do Amazonas, assumiu as empresas do irmão que ainda têm contratos com o Governo do Amazonas. A mudança de comando foi revelada por Melquiades Sarmento, administrador da Salvare, uma das empresas do médico, em depoimento ao TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) na manhã desta quarta-feira, 7. Moustafa é um dos principais implicados na Operação Maus Caminhos, que investiga um esquema de fraudes em contratos de serviços na saúde pública no Amazonas.
Melquiades Sarmento disse que após a prisão dos diretores da Salvare, os funcionários ficaram sem saber a quem reportar as questões administrativa. Foi quando apareceu Karina, que passou a tomar as decisões da empresa. Ela também assumiu a direção da Simea, outra prestadora de serviço. Melquiades, que prestou depoimento como testemunha de defesa, disse que trabalha na Salvare desde abril de 2016.
Karina Moustafa foi intimada pela juíza Ana Paula Serizawa Silva Podedworny, da 4ª Vara Criminal da Justiça Federal, para prestar depoimento no dia 16 deste mês.
Os advogados de defesa dos envolvidos no esquema de corrupção na saúde, questionaram Mequiades sobre se ele tinha conhecimento e acompanhamento dos serviços prestados pelas empresas comandas por Mouhamad. Ele afirmou que todos os serviços eram fornecidos perfeitamente, até a deflagração da operação. “Depois da operação, começou a falhar os serviços, faltar medicamentos, ausência de plantonistas, mas, antes de tudo isso, a empresa cumpria com as determinações exigidas nos contratos. Tínhamos um acompanhamento rigoroso, com registro dos plantonista em um caderno e em um sistema eletrônico, além de uma supervisão feita por enfermeiros, não havia problemas”, disse.
Mequiades disse que nunca recebeu nenhuma ordem de Mouhamad para alterar o quantitativo dos serviços prestados ao Governo do Amazonas com o objetivo de faturar mais com um número menor de plantões.
Outra testemunha de defesa, a assistente social Cintia de Azevedo Cordeiro, informou que trabalhou na UPA Campos Sales até março de 2017. A assistente social explicou que todos os serviços prestados pelas empresas de Mouhamad eram sem interrupção. “Não havia falhas nos serviços, não faltava medicamentos, médicos ou enfermeiros, mas depois da operação as coisas começaram a desandar”, disse.