Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O candidato a governador do Amazonas Henrique Oliveira (Podemos) afirmou, em entrevista ao ATUAL nesta terça-feira (23), que ele deveria ser o atual governador do estado, mas foi posto em um “quarto escuro” pelo ex-governador José Melo, de quem era vice, após vencerem a eleição de 2014. Em 2017, eles foram cassados por compra de votos.
“O Melo, quando me convidou para ser vice dele, disse que iríamos governar a quatro mãos. Só que na hora que ele usou o ‘Cabeção’ e ganhou a eleição, ele me botou em um quarto escuro. Eu tinha 35 cargos como deputado federal, eu tinha R$ 15 milhões em emendas impositivas como deputado federal”, afirmou Henrique, que era deputado federal antes de ser vice de Melo.
De acordo com Henrique, pela “lógica” da história da política amazonense, ele deveria ser o atual governador. “O histórico era o seguinte: Melo iria sair pro Senado. Eu seria governador durante seis meses. Ele teria que sair oito meses antes. Eu assumiria o governo e era candidato à reeleição”, disse o candidato do Podemos.
Para Henrique, não haveria a ascensão de novos nomes no cenário político do estado. “Não existiria David [Almeida]. O Amazonino estaria dentro do sarcófago dele até agora e também não existiria a figura do Wilson Lima. Ele entrou pelo cansaço desses outros candidatos. Ninguém acreditava mais em ninguém. Não acredita hoje”, disse o candidato.
Henrique afirmou que, no curto período que esteve como vice-governador [de janeiro de 2015 a maio de 2017], não assinou decretos, contratos ou nomeações do governo estadual, nem assumiu cargo de secretário estadual. “Eu não participei de absolutamente nada porque o Melo não me possibilitou isso”, afirmou o candidato.
Para Henrique, não assumir cargo de secretário foi um “livramento” da Operação Maus Caminhos, que investigou fraudes na Saúde do Amazonas que, segundo o MPF (Ministério Público Federal), gerou prejuízo de R$ 104 milhões. Conforme as investigações, o esquema era chefiado pelo médico Mouhamad Moustafá. Melo, Mouhamad e ex-secretários foram presos na operação.
“Graças a Deus ele [Melo] não me deu nada. Porque, se ele tivesse me dado, talvez hoje eu estivesse todo enrolado. [Ele diria:] ‘Henrique, assume lá a Secretaria de Saúde’. Eu ia pra lá todo feliz da vida, pegava, sentava na cadeira. Ele ia me ligar no outro dia [dizendo:] ‘Henrique, tem um rapaz que vai te procurar. Atende ele, por favor'”.
“Aí, de repente, na minha inocência, eu ia receber. [Perguntaria a ele:] ‘Como é teu nome?’. [Ele responderia:] ‘Mouhamad’. Pronto. [Eu questionaria:] ‘O que você está precisando?’. [E ele:] ‘A gente precisa dessa liberação’. Aí eu estava na ‘Maus Caminhos’. Eu tinha pegado uma cana de 100 dias e estava com tornozeleira eletrônica”, completou o candidato do Podemos.
“Então, tem coisas que a gente não questiona. Tem coisas que a gente aceita e agradece a Deus por ser um livramento”, disse Henrique Oliveira.
“Canoa furada”
Henrique classificou a união dele com Melo como um “barco furado” que ele entrou. “Com o Melo foi uma canoa furada, um barco furado que eu peguei. Entrei de gaiato no navio. Aceitei um convite para ser vice dele. Esse senhor me prejudicou demais”, disse o candidato. “Não tenho raiva do Melo, só quero ele longe de mim. Antes só do que mal acompanhado”.
Para Henrique, a polêmica com Melo arranhou sua imagem na última eleição, em que concorreu ao cargo de vereador de Manaus, mas ele também atribui o fracasso à atipicidade daquele pleito. “A questão do Melo afetou a minha musculatura. Até existir esse processamento na cabeça do eleitor, o que ele estava fazendo lá, será que ele tem alguma coisa a ver com a história da cassação?”, disse.
“Junto com uma eleição que foi totalmente atípica. Uma pandemia no meio. Todas as pessoas de máscara, sem poder sair de casa. Eu sem dinheiro, sem estrutura para poder caminhar, e com o tráfico de drogas comandando as eleições. Hoje, o candidato que não tiver 500 mil para compra de votos, fidelizar aqueles votos. Infelizmente, é assim no nosso Brasil”, afirmou Henrique.
“Quadrilha”
Henrique criticou a união entre o ex-presidente Lula (PT) e os senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD). [Você pode dizer:] o Eduardo está super bem. Ele está com o Lula, então vai crescer. Está junto do Omar. Aí não é nem um palanque, é uma quadrilha. Porque juntar Lula, Omar e Eduardo… A população vai saber quem é quem nessa história”, afirmou.