EDITORIAL
MANAUS – Os jornais de circulação nacional estampam, nesta sexta-feira, em suas versões on-line, a inflação recorde em 2021, com índice que já supera, em 12 meses, a registrada no período mais crítico do governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
O jornal O Globo traz a seguinte manchete: “Inflação pior que sob Dilma: índice bate recorde, acumula 10,74% em 12 meses e supera pico registrado em 2016”.
A manchete da Folha de S.Paulo segue na mesma linha: “Inflação é a maior para novembro desde 2015 e chega a quase 11% em 12 meses”.
A inflação de 2015, o primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff foi de 10,67%. O índice, considerado pelo mercado financeiro um absurdo, foi usado pelos políticos de oposição como justificativa para o impeachment.
Dilma Rousseff havia chegado ao limite, não havia mais condição de governabilidade e por isso deveria ser afastada do cargo, contrariando a vontade do eleitorado que um ano antes deu aval para que ela continuasse no poder por mais 4 anos.
2016 foi um ano descontrole inflacionário até a queda da presidência, mas o índice de inflação caiu drasticamente com a chegada de Michel Temer ao poder. No ano, o índice foi bem abaixo do registrado em 2015: 6,29%.
E agora, por que a inflação alta não incomoda a classe política e nem os economistas do mercado financeiro?
Os primeiros, porque querem manter Bolsonaro ou quem o possa representar à altura no futuro. Não é bom para a política criticar a política econômica de Paulo Guedes, o superministro que se comporta como o cachorro que tenta morder o próprio rabo.
Os economistas não dizem nada porque as corporações que representam se fartam na inflação alta. Paulo Guedes pode não ser bom para o Brasil, mas é excelente para o mercado financeiro.
Por pior que a situação econômica esteja, uma crítica neste momento pode favorecer uma eventual candidatura de Lula ou de qualquer outro candidato de esquerda.
E é bom que se diga, o índice oficial de inflação no Brasil está muito aquém da inflação real, principalmente para os mais pobres. O trabalhador de baixa renda assiste a uma inflação acima dos 20% e próxima dos 30%, porque só consegue comprar os itens básicos para alimentação e higiene.
E quem costuma frequentar os supermercados percebem que os preços desses produtos estão descontrolados faz tempo.
O arroz, o açúcar, o leite em pó, o feijão, o frango são itens da cesta básica que estão bem à frente dos 10,74% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE.
No passado, a culpa pela inflação era da política, e a responsável tinha nome e sobrenome. Agora, não é culpa de ninguém. Pode ser colocada na “conta Covid”.