Colaborou Floriano Lins, do Plantão Popular
PARINTINS (AM) – A rebelião no município de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), que resultou na morte de dois detentos, foi motivada pela disputa entre os presos por uma aparelho de televisão. A informação é do diretor do presídio, Bosco Paulain. De acordo com informações colhidas pelo jornal Plantão Popular, de Parintins, o motim começou por volta de meio dia desta segunda-feira, mas os ânimos foram acalmados. Por volta de 14h, os detentos voltaram a brigar entre si e a confusão inicial se transformou em uma guerra interna. Os detentos tocaram fogo em colchões, quebraram as celas e parte do telhado do presídio e subiram para a laje, onde torturavam e ameaçavam matar um dos detentos.
Às 15h20, a cabeça de um dos detentos foi atirada para fora do presídio e caiu em frente ao portão principal. O homem decapitado era Ademil Souza, de 49 anos, que cumpria pena no presídio por violência doméstica (preso com base na Lei Maria da Penha). Ele também teve uma das mãos decepadas e jogadas para fora do presídio.
A polícia foi acionada, mas não tinha com quem negociar. Não havia reivindicação por parte dos amotinados. Quando os policiais se aproximavam da porta do presídio, os presos atiravam pedras nos policiais. Depois de mais de duas horas, um grupo quebrou parte do telhado e subiu na laje do presídio com o detento Paulo Elieze, o Paulinho, que também foi morto durante a rebelião. Paulinho cumpria pena por estupro. Sem dizerem o motivo, os presos torturavam o colega no alto do presídio. Depois, desceram com ele e o mataram.
Um grupo de detentos desesperados pedia para sair e a polícia liberou a saída de pelo menos 60, dos 140 que estavam presos no local que tem capacidade para 36. Entre os que saíram, estavam seis mulheres de 12 que ocupavam uma ala feminina. Uma delas afirmava que os presos estavam matando Paulinho naquele momento. Já passava das 20h.
Os 60 detentos que saíram do presídio foram levados para a Escola Estadual Senador João Bosco. Uma parte desses detentos permanecem no local. Um grupo de policiais do Batalhão de Choque, que foi destacado de Manaus, está fazendo a guarda dos presos na escola. As aulas foram suspensas.
Seis presos que foram identificados como os líderes da rebelião foram transferidos para a delegacia de Parintins. O presídio ficou parcialmente destruído e as autoridades ainda não sabem para onde os presos serão levados.
A rebelião só terminou por volta de 20h30, com a intermediação da advogada Sinatra Santos, que defendo um dos presos. Com ela também estava um padre, um representante da Pastoral Carcerária e um defensor público. Sinatra pediu para que seu cliente deixasse o grupo que liderava o motim e depois passou a negociar com o detento identificado como Cícero.
Com os presos, a polícia encontrou nove facas, uma marreta e objetos cortantes, como formão e outros utensílios usados em marcenaria.