João Pedro Pitombo, da Folhapress
SALVADOR – A construção de frentes amplas contra candidatos ligados ao presidente Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições municipais avançou em capitais como Fortaleza e Rio de Janeiro, mas empacou em Belém.
Nestas três capitais, o segundo turno terá candidatos apoiados publicamente por Bolsonaro. Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, e Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza, receberam o apoio já no primeiro turno. Nesta semana, Bolsonaro estendeu seu apoio ao candidato Eguchi (Patriota), delegado da Polícia Federal que superou nomes tradicionais da política paraense.
Em Fortaleza, o segundo turno vai opor Capitão Wagner a José Sarto (PDT), apoiado pelo prefeito Roberto Cláudio (PDT) e pelo governador Camilo Santana (PT).
Disputando a prefeitura da capital pela segunda vez, Wagner é deputado federal e ficou conhecido por liderar um motim de policiais no estado. Apesar do apoio de Bolsonaro, tem evitado associar a candidatura ao presidente.
No primeiro turno, teve apoio de nove partidos, incluindo uns do campo conservador como o Podemos e o PSC. Agora não conseguiu ampliar o arco de alianças.
Nem o PSL, que cresceu no estado em 2018 com Bolsonaro, endossou sua candidatura. O deputado federal Heitor Freire, que terminou no primeiro turno em sétimo lugar, declarou neutralidade. “Mantenho independência por não enxergar em nenhuma das candidaturas a defesa dos valores de direita e conservadores que acredito”, disse.
Já Sarto Nogueira (PDT) tem apoio dos demais candidatos derrotados no primeiro turno, incluindo Luizianne Lins (PT), Heitor Férrer (Solidariedade) e Renato Roseno (PSOL). Assim, recebeu apoios que vão de partidos de centro-direita, como DEM ou PSDB, até esquerda, como PSOL e UP.
Ao anunciar apoio a Sarto, o candidato derrotado Célio Studart (PV) disse que não poderia se acovardar e deixar de se posicionar. “O outro projeto representa o avanço do bolsonarismo. Bolsonaro ganhar em Fortaleza é fazer daqui um palanque para sua reeleição.”
No Rio, o presidente apoia o atual prefeito e candidato à reeleição Marcelo Crivella, contra o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM). Neste segundo turno, Crivella não teve sua candidatura endossada por nenhum partido. Paes obteve o apoio crítico do PT de Benedita da Silva e do PSOL de Renata Souza.
O candidato derrotado Paulo Messina (MDB) recomendou voto contra Crivella, como o PSB. “No Rio, importante é derrotar Crivella: além de ser o pior prefeito que o Rio já teve, é candidato de Bolsonaro. Primeiro turno é voto, segundo turno é veto: Crivella não”, disse o deputado federal Alessandro Molon (PSB). O PDT, que disputou o primeiro turno com a Delegada Martha Rocha, ficou neutro.
O candidato Luiz Lima (PSL), que no primeiro turno atraiu parte dos bolsonaristas, declarou neutralidade.
Em Belém, onde o segundo turno opõe o ex-prefeito e deputado federal Edmílson Rodrigues (PSOL) e o Delegado Eguchi (Patriota), a tentativa de formar uma frente ampla contra o candidato bolsonarista não tem funcionado.
Eguchi foi uma das principais surpresas no primeiro turno. Disputando a primeira eleição para o Executivo e com pouco tempo de TV, ele conseguiu superar adversários como José Priante (MDB) e Thiago Araújo (Cidadania). Agora, o terceiro colocado, Priante, declarou neutralidade. Já Thiago Araújo (PSDB), não se posicionou.
Eguchi segue linha parecida com a de Bolsonaro em 2018. Na campanha, prometeu gestão “sem viés ideológico”, secretariado técnico, disse não fazer parte da “velha política” e tem como principal bandeira o combate à corrupção.
Edmilson, que foi prefeito de Belém entre 1997 e 2004, quando era do PT, destaca sua experiência e reitera um discurso de que a cidade não deve embarcar em uma aventura.
Com o apoio de partidos como o PT e PDT desde o primeiro turno, ele deve receber o apoio do PSB, mas ainda não conseguiu respaldo de partidos ou candidatos derrotados do campo da centro-direita.
Em outras duas capitais, Vitória e Cuiabá, o segundo turno tem candidatos alinhados com as ideias de Bolsonaro, mas que não tiveram sinalização pública do presidente.
Em Vitória, o deputado estadual Delegado Pazolini (Republicanos), disputa o segundo turno contra o ex-prefeito João Coser (PT).
De perfil moderado, Coser teve apoio do PSOL e do PC do B, e negocia o apoio do PSB. O Cidadania não sinalizou quem apoiará.
Pazolini ganhou notoriedade na defesa de pautas de costumes e ficou conhecido ao invadir um hospital um dia depois de Bolsonaro ter estimulado a população a filmar oferta de leitos.
Na campanha, contudo, tem buscado se mostrar ponderado e procurou não se associar ao presidente. Neste segundo turno, recebeu o apoio da candidata derrotada Neuzinha de Oliveira (PSDB).
Em Cuiabá, o candidato bolsonarista Abílio Júnior (Podemos) enfrenta o prefeito Emanoel Pinheiro (MDB) e recebeu apoio do governador Mauro Mendes (DEM) e do ex-prefeito Roberto França (Patriota), que ficou em quarto colocado na disputa.
Interessante, não escrever nada a respeito do bloqueio de R$240 milhões do Eduardo Paes determinado pela justiça! Crivella pegou a prefeitura com um rombo nos cofres. Encontrou 800 milhões que Eduardo tomou emprestado do Banco para pagamento da folha, mas a conta, ficou para o Crivelja pagar! Nenhum prefeito do Rio de Janeiro e do Brasil, recebeu a quantidade imensa de verbas como recebeu Eduardo Paes. Mesmo assim, não concluiu as obras do BRT e, as que foram realizadas, tiveram que ser refeitas ou estão paradas até hoje justamente por falta de dinheiro. Caramba! Sejam mais imparciais.