Por Angela Boldrini, Danielle Brant e Daniel Carvalho, da Folhapress
BRASÍLIA-DF – O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira, 19, que declarações sobre o AI-5 e sobre queimadas na Amazônia dadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e membros do governo afugentam investidores e diminuíram crescimento do país em 2019.
“É ruim para o governo, né? Fica falando de AI-5, fica falando de queimada, aí o investidor não coloca dinheiro no Brasil. Aí a economia ia crescer 2,5% este ano e vai crescer 1%, para mim culpa dessas declarações”, afirmou.
“E se continuar com essas declarações, ano que vem que pode crescer 2,5% também vai crescer menos. É uma questão de bom senso”, disse durante reunião com jornalistas na residência oficial da Câmara.
Questionado sobre se em algum momento teve medo de que o governo passasse a ter uma postura mais autoritária, para além de declarações como a de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Paulo Guedes (Economia) sobre um ‘novo AI-5’, Maia disse que nunca viu essa possibilidade. Apesar disso, disse que as declarações geram insegurança e prejudicam o próprio governo.
“Há um compliance de muitas empresas de que o tema ‘meio ambiente’ é relevante, democracia é relevante. Não há nenhum do presidente que vá ao encontro do que disse o Eduardo e do que disse o Paulo Guedes, mas é o filho e o ministro da Economia, então vai gerando insegurança”, afirmou. “Atrapalha o Brasil, óbvio, mas atrapalha também o governo do próprio presidente”.
“Com a queda da taxa de juros e a inflação, você tem um espaço enorme, como já está acontecendo internamente, de sair do mercado de renda fixa e caminhar para o mercado de capitais”, disse. “Isso já está acontecendo com dinheiro de brasileiros, os estrangeiros para valer não entraram com dinheiro novo. Essas declarações atrasam a entrada”, disse.
Em entrevista à jornalista Leda Nagle, em outubro, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que “se a esquerda brasileira ‘radicalizar’, uma resposta pode ser ‘via um novo AI-5’. Um dia depois, ele disse que foi “um pouco infeliz” na declaração.
Em novembro, Guedes afirmou que não é possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 diante de uma possível radicalização dos protestos de rua no Brasil.