Da Redação
MANAUS – O MP-AM (Ministério Público do Estado do Amazonas) e a Polícia Civil deflagraram na manhã desta terça-feira, 18, a Operação Bilhete Premiado com busca e apreensão nas casas de Nilson Cardoso, José Júlio César Corrêa e Leandro Carlos Xavier, que são ex-diretores da Suhab (Superintendência do Estado de Habitação). A operação envolve contrato que pode render R$ 5 bilhões a empresa Ezo Soluções Interativas e que foi assinado na gestão do ex-governador interino David Almeida (Avante).
Os ex-gestores da Suhab são investigados pelos crimes de tráfico de influência, fraude e dispensa indevida de licitações ao assinar contrato para recuperação de valores referentes à carteira do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais), da Caixa Econômica. O contrato, sem licitação, foi assinado pelo ex-superintendente da Suhab José Júlio Corrêa em setembro de 2017.
Em outubro do mesmo ano, a empresa informou ao Estado que havia concluído os trabalhos e que havia encontrado no FCVS R$ 27 bilhões de direito do Estado do Amazonas. Com isso, a empresa afirmou que tinha direito a receber do Estado 20% do valor que afirmou ter descoberto, ou seja, R$ 5 bilhões.
Segundo as investigações, os referidos agentes públicos intervieram para a contratação ilícita da empresa Ezo Soluções Interativa, sem respeitar as regras procedimentais adotadas pelo Estado (dispensa indevida de licitações) e os trâmites burocráticos do contrato.
De acordo com o MP-AM, a Caixa Econômica informou que não há qualquer direito a crédito no referido caso para a Suhab e o Estado do Amazonas e, ainda assim, mesmo sem qualquer resultado eficaz, a empresa se considera credora do Estado do Amazonas e da Suhab no valor de aproximadamente R$ 5 bilhões, devido ao contrato fraudulento.
Além disso, há indícios de que havia influência de forma indevida às decisões da Suhab pelo advogado José Júlio Corrêa. Posteriormente, já fora do cargo, ele passou a advogar para a empresa Ezo Soluções Interativas, com a promessa de que receberia o valor de R$ 200 mil a título de “prêmio” por conseguir a referida contratação e pagamento, em prejuízo do erário.
Durante a execução da medida, as equipes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) e da Polícia Civil apreenderam documentos, computadores portáteis, smartphones e tablets que já estão sendo periciados, bem como estão sendo ouvidas na sede do Ministério Público pessoas que possam ter envolvimento com os crimes investigados na operação.