Do ATUAL
MANAUS – O empresário Samuel Hanan pediu empenho da classe política amazonense para implantar em Manaus uma fábrica de ‘chip’ (semicondutores). O ex-vice-governador afirma que a instalação de uma unidade desse segmento no PIM (Polo Industrial de Manaus) dobrará o investimento direto na Zona Franca e dará uma sobrevida ao modelo econômico regional.
“O amazonense tem que se unir, cobrar. Toda a classe política em cima do governo federal para termos a fábrica de ‘chips’ aqui”, disse Samuel Hanan, no lançamento de seu novo livro sobre economia do Amazonas, na quarta-feira (12), realizado no auditório da UEA (Universidade Federal do Amazonas).
“O Lula viajou para a China e vai tentar fazer acordo com [fabricantes de] chip. É o nosso sonho aqui, ter o chip aqui. O chip é 60%, 70% do faturamento de qualque produto”, afirmou.
“O Lula baixou uma portaria interministerial para estudar, em 90 dias, a implantação de uma fábrica de chips, semicondutores: como instalar, onde instalar. Se nós temos as indústrias aqui… É o único lugar do Brasil que tem incentivos fiscais”, disse Hanan. “Já se passaram 90 dias”, completou, em alerta à classe política.
De acordo com Samuel Hanan, a instalação de uma unidade fabricante de semi-condutores no estado, dobraria o valor de investimentos do Polo Industrial de Manaus.
“Vocês sabem qual o valor do investimento total no PIM? Rídiculos U$$ 8 bilhões (R$ 39,3 bilhões na contação de sexta-feira, 15). Se você montar uma fábrica de chip vai dobrar o invstimento direto. Serão mais U$$ 8 bilhões em investimentos”, disse.
Nova matriz
Durante o lançamento do livro “Amazonas – perda de expressão socioeconômica nos últimos 20 anos”, Hanan lembrou que lei de incentivos de 1996 precisa ser revisada e atualizada.
Hanan se refere à Lei 2.390 de 1996, que “institui regimes especiais de tributação como mecanismos para interiorizar o desenvolvimento, incrementar as atividades industriais e revitalizar o comércio”.
O objetivo da lei era expandir e diversificar o parque industrial da Zona Franca de Manaus e implantar novos empreendimentos industriais.
“Essa lei está rigorosamente esclerosada. Não serve para o século 21. Tem que ser revista com urgência. O Amazonino [governador, de quem Hanan foi vice] me homenageou, batizando a lei com meu nome”, disse.
Economia em queda
Samuel Hanan também abordou aspectos econômicos relacionados à Zona Franca. “Do faturamento do Distrito Industrial, em média R$ 170 bilhões, nem 25% fica no Estado”, disse. “O Distrito não sustenta mais 4,2 milhões de pessoas. Precisamos buscar uma nova matriz econômica. Mudar a lei [Hanan] e incentivar novas atividades, em complemento ao PIM”.
Sobre os impactos negativos na economia do Amazonas, o ex-vice-governador disse que o nos dias atuais o valor médio do salário no trabalhador do Distrito “é de R$ 2 mil, cerca de 1,5 salário mínimo. Muito baixo”, disse.
Hanan diz que a renda média mensal do cidadão amazonense, por domicílio, diminuiu nas últimas duas décadas. Em 2021 o valor foi de R$ 618 por mês, a segunda pior entre os estados da região Norte, melhor apenas que a do Pará.
No mesmo ano, o Amazonas abriu mão de receitas que somaram R$ 37,1 bilhões, fruto de renúncias fiscais. O valor per capita da renúncia representa R$ 724/mês. “A renúncia [fiscal] daria mais dinheiro para o bolso das pessoas do que a renda média mensal [do assalariado]”.