MANAUS – O que era apenas uma erosão à margem da rodovia estadual AM-010 transformou-se em crime ambiental. Na sexta-feira, 13, a empresa que faz a manutenção da rodovia para tentar evitar a destruição da pista em trecho do quilômetro 46, despejou cinco carradas de barro no local e não realizou o serviço programado. Dias depois, uma chuva arrastou o barro com retos de concreto do meio-fio e sarjeta e fechou a tubulação sob a pista por onde corre um igarapé.
O problema causou transtorno e prejuízos tanto para quem vive à margem direita quanto na margem esquerda da via. Do lado direito, no sentido Manaus-Rio Preto da Eva, a advogada Gina Moraes tem um sítio, onde a família costuma passar os fins de semana. O barracão onde se reúnem está inundado. “O igarapé nasce no nosso terreno. Simplesmente, sem ter vazão de água, o curso de água foi interrompido pelo barro colocado irresponsavelmente, vedou de uma tal maneira que virou uma tragédia, uma tristeza, um absurdo, uma irresponsabilidade sem tamanho”, disse.
Gina Moraes afirmou que a irmã dela procurou a Seinfra (Secretaria de Estado de Infraestrutura), que prometeu resolver o problema, mas até neste sábado, nada havia sido feito. “Mandaram uma empresa lá para resolver, simplesmente não resolveram nada e a situação só piorou”
Do lado esquerdo da pista, o piscicultor Santos Soares, um argentino que vive há mais de 20 anos em Manaus, teme perder toda a produção de peixes programada para vender no próximo mês. Sem água corrente, os peixes começaram a morrer e o caseiro passou a bombear água de outro igarapé. “Os prejuízos são grandes. Não é só com a perda do peixe. A gente aumentou o consumo de energia, porque precisa bombear água durante o dia e à noite. Estou pagando hora extra para o caseiro, porque ele também está trabalhando dia e noite para salvar os peixes”, disse.
Desde sexta-feira à noite o caseiro faz bombeamento de água. Santos Soares diz que tem cerca de 1.500 matrinxãs que podem ser perdidas caso falte oxigênio na água. Os peixes, segundo ele, já estão grandes e consomem cinco sacas de ração por semana. Morrer agora geraria grande prejuízo para ele.
Segundo Santos Soares, a empresa que esteve no local não conseguiu reabrir a passagem do igarapé porque alegou que não tinha equipamentos. “Eles disseram que não tinham a ferramenta necessária para reabrir o buraco do tupo porque disseram que precisariam de um compressor e um martelo pneumático”, disse.
Gima Morais afirma que além do crime ambiental causado pela empresa, a estrada está ameaçada de cair, porque a água represada tende a prejudicar o barro.
Os proprietários dos imóveis prometem formalizar uma denúncia no Ministério Público do Estado do Amazonas para que acione o governo do Estado e a empresa que presta serviço de manutenção da estrada.
A assessoria da Seinfra foi contatada pela reportagem e informou que o setor de engenharia da secretaria tomou conhecimento da situação da área e fará avaliação para ter um diagnóstico. A seguir serão tomadas as providências necessárias.
Confira as imagens do estrago causado pela água: