Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – A pretensão de deputados de oposição de investigar os desmandos na saúde pública no Amazonas ficou apenas na boa intenção política. Proposta há cinco meses, a CPI (Comissão de Inquérito Parlamentar) da Susam (Secretaria de Estado da Saúde) ainda depende de duas assinaturas de deputados para ser instalada na ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas).
A intenção, argumenta o autor da ideia da CPI, José Ricardo (PT), é investigar 600 contratos da Susam com fornecedores e prestadores de serviços, a maioria empresas médicas. A CPI já tem a adesão dos deputados Sabá Reis (PR), Sinésio Campos (PT), Platiny Soares (DEM), Luiz Castro (Rede), Augusto Ferraz (DEM) e do próprio José Ricardo, que lamenta o desinteresse dos demais parlamentares.
O petista informou que todos os dias recebe inúmeras denúncias sobre os péssimos serviços de atendimento na área da saúde, como demora no atendimento com especialistas, realização de cirurgias, falta de materiais, de leitos e centro cirúrgico que não está disponível aos idosos.
José Ricardo disse que o MP-AM (Ministério Público do Amazonas) já entrou com uma Ação Civil solicitando à Justiça a dissolução do INC (Instituto Novos Caminhos), principal empresa envolvida na Operação Maus Caminhos, que desarticulou um esquema de fraudes em contratos de serviços de saúde que desviou R$ 150 milhões. O INC era comandado pelo médico Mouhamad Moustafa e o esquema, segundo a PF (Polícia Federal), MPF (Ministério Público Federal) e a CGU (Controladoria Geral da União), envolvia o ex-governador José Melo, sua mulher Edilene Gomes de Oliveira e seus ex-secretário de Saúde (Wilson Alecrim e Pedro Elias), de Administração (Evandro Melo), da Fazenda (Afonso Lobo) e da Casa Civil (Raul Zaidan).
“O INC recebeu mais de meio bilhão de reais do governo em entre março de 2014 e abril de 2016 e o FES (Fundo Estadual de Saúde) liberou ao instituto R$ 549.465.808,42”, disse José Ricardo.
O deputado lembra que o governador Amazonino Mendes (PDT) divulgou, no final do ano passado, a existência de um rombo de R$ 1,2 bilhão na saúde e que o relatório apresentado pelo secretário estadual de saúde, Francisco Deodato, à ALE, foi de um déficit de R$ 393 milhões na área da saúde e mais R$ 178 milhões de dívidas de serviços para os quais não havia contratos. Outra dívida de R$ 575 milhões foi deixada por gestões anteriores e mais R$ 87 milhões de débitos a pagar.
José Ricardo disse que lamenta a falta de adesão à proposta da CPI, inclusive de colegas de plenário que eram opositores de José Melo e hoje se esquivam de apoio a investigar.