Após postar um vídeo em seu perfil do Facebook convidando a população de Manaus a ir às ruas, neste domingo, contra a corrupção no Brasil, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), não compareceu à manifestação realizada na cidade. Há quem diga que Arthur ficou temeroso com a recepção que poderia ter nas ruas, já que ele também vem sendo alvo de críticas na internet por conta das obras que realizou em Manaus, como a ciclovia do Boulevard Álvaro Maia e a Ponte do Tarumã, esta última proporcionalmente mais cara que a Ponte Rio Negro. O prefeito também vem sendo acusado, nas redes sociais, de não priorizar serviços básicos, como o ‘tapa-buraco’ em avenidas principais. Arthur repetiu o que fez o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, que também conclamou a população a ir às ruas, mas não participou do evento. Aécio estava no Rio de Janeiro e foi fotografado na janela do apartamento, na orla de Copacabana. A mulher do prefeito, secretária municipal de Assistente Social, Goreth Garcia, tentou dar uma justificativa curiosa para a ausência do marido nas manifestações: “Ele não queria dar nenhuma conotação política ao movimento…”.
Análise de Arthur
Por volta de 21h, o prefeito Arthur Virgílio Neto postou um novo vídeo, analisando as manifestações pelo Brasil. A tônica do discurso foi de que “o Brasil começou a falar” e de que “vai prevalecer a vontade do povo”. Ele usou o número da organização do evento, que disse ter reunido 50 mil em Manaus (a Polícia Militar contabilizou 20 mil). De novo Arthur evita a palavra impeachment, mas diz que vai prevalecer a vontade do povo, que nas manifestações pediram a saída da presidente do poder: “O Brasil mal começou a falar. Quem desqualifica hoje, vai silenciar amanhã. Vai prevalecer a vontade saudável de um povo que quer justiça”. Confira o vídeo
Funcionários no protesto
O prefeito Arthur Neto pode até ter faltado aos protestos, mas intimou todos os funcionários da prefeitura, especialmente, os comissionados a irem às ruas. O subsecretário de Juventude, Rodrigo Guedes, que também é presidente regional da Juventude tucana, e a secretária de Comunicação, Mônica Santaela, chegaram a subir em carros de som para comandar os protestos. O subsecretário de Trabalho e dirigente da Força Sindical no Amazonas, Vicente Filizzola, botou a estrutura da central sindical à disposição do ato público e era um dos mais animados no evento.
Classe média
Era visível na manifestação a presença da classe média e a ausência da população mais pobre, o que, de forma alguma, tira o mérito doo evento. Atingida em cheio com o aumentos de preços dos combustíveis, da energia elétrica e da carga tributária, a classe média tem motivos de sobra para protestar. E neste domingo mostrou toda sua indignação com o governo central.
Corrupção esquecida
Os manifestantes gritavam palavras de ordem como “O PT roubou”, mas nada disseram sobre a corrupção eleitoral denunciada recentemente no Fantástico ou sobre as denúncias que pesam contra o governo do Estado e a Prefeitura de Manaus. Indagada pela coluna sobre a ausência de cobrança ao governador, uma senhora respondeu: “Ah, nem me fale!”, e desconversou.
Pouco políticos
A ausência de políticos com mandato foi um marco da manifestação deste domingo em Manaus. O AMAZONAS ATUAL flagrou apenas o vereador Mário Frota, numa participação discreta, bem longe do carro de som que animava os manifestantes.
Sem discursos
Outro marco do ato público e da caminhada que se seguiu a ele foi a ausência dos chatos discursos políticos que esse tipo de evento costuma registrar. No carro de som, além das paródias que atacavam o PT, os organizadores usavam o microfone apenas para animar e orientar o público sobre o trajeto da manifestação.
Adesão questionada
A adesão à convocação do prefeito de Manaus foi questionada por uma ala da oposição. Correligionários do PT chegaram a afirmar que o movimento “foi um fracasso” por ter influenciado apenas 10 mil dos 1,8 milhões habitantes da capital amazonense. E lembravam que em 2013, quando Manaus aderiu a um movimento nacional contra a corrupção e contra o aumento da tarifa de ônibus, as ruas da cidade receberam mais de 100 mil manifestantes. A manifestação contrária pareceu mais dor de cotovelo.