Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – As médicas Gabrielle e Isabelle Kirk Maddy Lins tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19 em Manaus, embora decisão na Justiça Federal tenha proibido que todos os suspeitos de ‘furar’ a fila da vacinação recebessem a última dose da Coronavac.
A defesa das médicas contesta, e diz que elas não estavam impedidas de receber a segunda dose da vacina e que não tem nenhum processo em curso contra ambas no sentido de proibi-las de receber o imunizante.
Em consulta ao site Imuniza Manaus, site oficial da Prefeitura onde é possível acompanhar a vacinação na capital, aparecem os nomes das irmãs como tendo finalizado a imunização. Os CPFs usados na consulta pela reportagem são os disponíveis na lista oficial de vacinados da Semsa (Secretaria Municipal de Saúde).
A juíza Jaiza Fraxe, da 1ª Vara da Justiça Federal no Amazonas, havia decidido, em caráter liminar em ação civil pública, que quem recebeu a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus furando a fila de prioridades não teria direito a tomar a segunda dose.
De acordo com a juíza, “em razão da falta de explicação para os casos de pessoas que tomaram indevidamente a vacina, ficam todos proibidos de tomar a segunda dose, podendo ficar sujeitos à prisão em flagrante delito em caso de insistirem no ilícito”.
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A secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, e o secretário municipal de Limpeza, Sabá Reis, que também foram impedidos de seguir com a imunização pela juíza, não tomaram a segunda dose. Em consulta no Imuniza Manaus, aparece para ambos que a segunda dose ainda está em processo de agendamento.
O mesmo aparece para Bento Martins de Souza e a esposa dele, Jane Soares Pereira, donos de empresa de alimento, vacinados no Hospital e Pronto-Socorro da Criança Zona Sul.
A reportagem consultou a Semsa sobre a vacinação das médicas e aguarda resposta.
Outro lado
Em nota, a defesa das médicas informou que Gabrielle e Isabelle não desrespeitaram decisão judicial. No entendimento da advogada Gabriela Nogueira Giuzio, ambas tiveram direito à segunda dose pois não foram citadas na ação que proibiu suspeitos de ‘furar’ fila de prosseguirem com a imunização.
“Tal decisão impede a aplicação da segunda dose da vacina às seguintes pessoas: Thamyres Kutchama de Albuquerque, Stenio Holanda Alves, Bento Martins de Souza e Jane Soares Pereira, os quais não exercem quaisquer funções relacionadas à linha de frente do enfrentamento ao coronavírus”, diz a defesa. Os nomes citados constam na decisão da juíza Jaiza Fraxe.
A defesa informa ainda que Gabrielle e Isabelle são médicas e atuam na linha de frente de combate ao coronavírus, e receberam a primeira dose da vacina no exercício de suas atividades.