Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Tentadores, descontos podem atrair muitos consumidores e os estabelecimentos ultrapassarão a capacidade máxima de 50% estabelecida para atender o público. Essa situação, segundo o empresário Ralph Assayag, presidente da CDL Manaus (Câmara de Dirigentes de Lojistas), impede os comerciantes de fazerem promoções para aumentar as vendas de fim de ano. Caso infrinjam a restrição para prevenir contra o contágio pelo novo coronavírus estão sujeitos a multa de R$ 50 mil por dia.
“Não pode alavancar as vendas, pois se aglomerar nós vamos ser multados porque vai ter fiscalização na rua. Então é querer vender e não poder. A única coisa é que ia ficar tudo fechado, agora vai ficar aberto com horário diferenciado. Mas se fizer uma promoção muito grande vai encher”, diz.
No acordo entre governo e comerciantes, após protestos da categoria contra as primeiras restrições, os estabelecimentos devem funcionar de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h (incluindo os vendedores ambulantes), aos sábados e domingos somente por delivery e drive-thru. Os shoppings devem funcionar de segunda a sexta-feira, das 12h às 20h, sendo que aos sábados e domingos será por delivery e drive-thru.
O empresário Jorge de Souza Lima, presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), afirma que foi definido que não serão feitas liquidações. “A estratégia é seguir o que foi acordado na reunião com o governo do Estado em que ficou definido que não pode haver chamamento por promoções e liquidações, já que isso estimula aglomerações. Tudo que foi feito até agora foi para minimizar as perdas dos comerciantes, mas levando em conta que vivemos uma pandemia”, diz.
Apesar da possibilidade de vendas on-line, Assayag alega que não são o suficiente para cobrir as presenciais. “Isso (vendas on-line) tem crescido muito, mas o problema é a estrutura que ainda tem que ser muito grande. Uma empresa de médio e grande porte consegue, a empresa pequena é uma coisa muito caseira. É por whatsapp ou tentar deixar”, afirma.
Marcos Salvador, comerciante há 36 anos e gerente há 12 anos de uma loja no Centro de Manaus, afirma que encheu o estoque na expectativa de crescimento das vendas neste fim de ano. “A gente estava muito bem, tudo funcionando dentro das expectativas. Com essa medida de proteção, o fechamento, trouxe também um certo prejuízo porque perdemos praticamente dois dias, o sábado, 26, e o domingo, 27”, disse.
Apesar disso, o empresário espera manter boa parte das vendas. “Dentro de tudo o que a gente estava esperando daqui para frente serão dias diferentes. Mas estamos com grande expectativa de suprir essa necessidade dentro do que nós programamos. Se não alcançarmos 100% mas pelo menos 90% ou 80%”, estima.
Marcos tentará atrair a clientela com a mesma estratégia que usou na reabertura do comércio após o primeiro pico da pandemia. “A pessoa faz uma compra à vista em espécie e nós temos esses 10% de desconto que é uma grande coisa para quem está comprando. Eu acho que todas as estratégias que o lojista está podendo usar ele está usando”, afirma.
Assayag também segue na linha de otimismo. Segundo o presidente da CDL, a estimativa era que na semana do Natal houvesse um aumento de 3,5% a 4% em relação ao mesmo período ano passado. “Eu não posso dizer se aconteceu ainda isso porque praticamente foi do dia 21 a 24, com o feriado eu não tive condições de saber o resultado. Provavelmente, pelo número de pessoas andando com sacolas deve acontecer. Eu vou ter isso mais para o dia 30”.
Em relação à semana do ano novo, Assayag estima crescimento de 3%. “A programação de fim de ano também é em torno de 3%, porque nós tivemos esse ano a situação de termos o pagamento do Governo do Estado que ano passado o salários deles (servidores) não foi pago em dezembro, foi pago em janeiro”, afirma.
Na manhã desta segunda-feira, 28, consumidores lotaram o Centro de Manaus no primeiro dia de reabertura do comércio.
Apesar do pagamento dos servidores públicos neste mês, Assayag acredita que a restrição de horário pode impactar nas vendas. “Nós estamos estudando, vendo realmente o que acontece e nos adaptando para essa situação para poder saber os números. Feita a pesquisa, vamos chegar realmente no seu resultado”.
O presidente da CDL afirma que tem apenas percentuais, pois os valores das vendas não são passados pelos empresários. “O que a gente sabe é que no ano passado nós tivemos R$ 1,7 bilhão de 13º e esse ano temos R$ 2 bilhões. Então há um crescimento e a gente acredita que nesse momento ninguém está guardando, está comprando e pagando dívidas”, diz Assayag.
(Colaborou Jullie Pereira)