A busca por espaços urbanos mais organizados, com economia ativa e respeito ao meio ambiente, com harmonia entre aspectos sociais e históricos locais, tem dominado os debates sobre a realidade das grandes e médias cidades brasileiras e mundiais.
Existem várias definições, mas pode-se dizer que são consideradas cidades sustentáveis aquelas que adotam uma série de práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Geralmente são cidades que levam a sério o planejamento e a gestão, estabelecem metas objetivas, discutidas com a população e buscam a eficiência no gasto público.
Dentre as principais ações que caracterizam a busca por espaços urbanos mais sustentáveis, podemos citar principalmente (1) Planejamento e qualidade nos serviços de transporte público, usando principalmente fontes de energia limpa e ações para melhorar a mobilidade urbana, incentivando ao uso de meios de transporte não motorizados e diminuindo o tráfego de veículos; (2) Destinação adequada para o lixo e criação de sistemas eficientes para a reciclagem, além de sistema de aterro sanitário para o lixo não reciclável; (3) Investimentos em educação de qualidade e execução de programas de educação infantil voltados para o desenvolvimento sustentável; (4) Planejamento urbano e de ocupação do solo eficiente, com programa de arborização das ruas e espaços públicos e que leve em consideração o longo prazo.
Foram algumas dessas ações que levaram cidades como Copenhague (Dinamarca), Barcelona (Espanha) e Viena (Áustria) a ganhar o “selo” de cidades sustentáveis, graças aos seus programas locais voltados, respetivamente, para o uso da bicicleta como meio de transporte, mobilidade urbana e uso de energia limpa e prioridade na aquisição de itens ecológicos pela Prefeitura. No Brasil, temos alguns raros exemplos a serem seguidos: João Pessoa, com seus programa de proteção de áreas ambientais e Curitiba, na área de planejamento e mobilidade urbana.
Fazendo o debate local, Manaus não pode ignorar esse movimento, que nasce das angústias humanas em relação à modernidade que encarcera as pessoas, separando-as do meio ambiente e da convivência social. A capital da Amazônia são pode ser uma selva de pedra, com péssima mobilidade urbana, sem arborização adequada e lixo jogado nos igarapés. Nossa cidade sorriso não pode ser transformada num contrassenso, uma antítese do que verdadeiramente representa.
Assim, há vários desafios a serem vencidos. Melhorar a mobilidade urbana requer planejamento, projetos sérios e de longo prazo, recursos e comprometimento do poder público e da sociedade. O uso de transporte público coletivo deve ser a regra. Melhorar a ocupação dos espaços urbanos, passando por rigorosa fiscalização dos órgãos de postura urbana e colaboração da população, revitalizar e arborizar áreas de passeio público e calçadas. A proteção e recuperação dos igarapés e áreas adjacentes é urgente, nossos cursos de água viraram verdadeiros esgotos a céu aberto, verdadeiras chagas da vergonha para os administradores públicos e toda a sociedade. É preciso ação firme e comprometida para mudar esse quadro, começando por uma política séria e educativa quanto à separação, coleta, reciclagem e tratamento do lixo.
Enfim, há um longo caminho a ser percorrido, e só alcançaremos o título de cidade sustentável quando a Prefeitura adotar o discurso, o planejamento e prática voltada para a convivência harmoniosa entre sociedade e meio ambiente para além de meras peças publicitárias e discursos políticos. Uma melhor qualidade de vida se constrói coletivamente, com discussão, trabalho, método e indicadores sociais, econômicos e ambientais. Não podemos mais perder tempo, mãos à obra!!