Da Redação
MANAUS – Preconceitos contra mulheres no trânsito em Manaus devem ser denunciadas à polícia, diz a delegada Débora Mafra, da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher. Ela cita que injúria e difamação são duas formas de preconceito que podem inclusive caracterizar um ato criminoso. “A injúria ocorre com aqueles xingamentos de que a mulher é ‘barbeira’, que ela tirou a CNH pela internet, que lugar de mulher é na cozinha”, enfatizou.
Já a difamação ocorre quando uma pessoa imputa a outra uma conduta inadequada. “Se ele falar isso, e outras pessoas ouvirem, é difamação. Por exemplo, essa mulher tirou a carteira pela internet’. Outras pessoas ouvindo, o fato, resulta em difamação”, exemplifica a delegada.
Segundo Mafra, os casos podem ir além da agressão verbal, chegando às vias de fato, com lesão corporal leve ou até perseguições. “Existem registros de casos de violência contra a mulher no trânsito. Há casos em que as mulheres correm para delegacia após serem perseguidas. Este é o crime de ameaça. Às vezes, sem querer, a mulher corta a frente de um carro, aquele carro acha que ela fez por vontade, com dolo, e começa a persegui-la, dando luzes, ela fica com medo, e corre até um distrito policial pedindo ajuda. Não é uma, nem duas vezes, que isso acontece, principalmente na nossa delegacia que fica ali na rotatória do Eldorado”, disse.
As punições para os crimes estão previstas no Código Penal e na Lei de Contravenções Penais. A injúria tem pena prevista de um a seis meses, ou multa, nos casos mais leves. Já nos casos de difamação, a punição varia de três meses a um ano, e multa.
A Delegada da Mulher alerta que, em casos de colisão, a mulher não tome decisões precipitadas, e indica como agir nessas situações. “Nunca desça direto, principalmente à noite, pois pode ser que tenham batido para realizar um assalto. O melhor, às vezes, é você parar em um local onde haja pessoas, como um posto de gasolina, que vai ter filmagens, para que você possa descer e até conversar sobre uma possível colisão”, disse.
“Se o carro não anda, o melhor é você também aguardar dentro do carro, e se a outra pessoa vier conversando corretamente, é possível até descer do carro e conversar. Mas se já vem com agressividade, ligue imediatamente para o 190, pedindo auxílio policial porque a sua integridade física pode estar correndo perigo naquele momento, e é isso que nós não queremos”, afirmou Débora Mafra.
A orientação é para sempre formalizar esse tipo de situação através de Boletim de Ocorrência no Distrito Integrado de Polícia Civil (DIP) mais próximo. “Faça um registro de ocorrência, independentemente de como foi a batida do automóvel. Às vezes, a mulher foi insultada, violentada psicologicamente, moralmente, e às vezes é violentada até fisicamente, o que é uma covardia”, finaliza.