Da Redação
MANAUS – Candidatos que não se elegeram nas eleições municipais no último dia 15 no Amazonas promoveram manifestação em Manaus na manhã desta sexta-feira, 27, em frente ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), na Avenida André Araújo, zona sul da capital. Eles querem o cancelamento do pleito e recolheram assinaturas para entrar com um recurso no Ministério Público Eleitoral após terem o primeiro pedido negado na Justiça Eleitoral. O protesto teve representantes de Borba, Careiro Castanho e Autazes.
O advogado Félix Ferreira, que representa os manifestantes, alega que recontar os votos não adianta. “O processo foi maculado na origem, lá no início. Então, ele tem que ser totalmente jogado fora e feita outra eleição”, diz.
Ferreira defende que o fato de ter ocorrido uma invasão ao sistema do TSE já justifica a anulação da votação, mesmo sem provas. “Só o fato de você ter a invasão de um hacker no sistema de contagem de votos não precisa eu dizer mais nada, é público e notório. Não há mais nada o que se provar, só esse fato é suficiente para cancelar o processo eleitoral”, diz.
No domingo, 15, o sistema de informática do Tribunal foi alvo um ataque de múltiplos acessos, que foi neutralizado pelo sistema de defesa e não houve vazamento de dados, segundo o Tribunal. O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que esse sistema não tem relação com a apuração dos votos, que ocorre por meio de uma rede privada.
Barroso havia afirmado que uma falha em um dos núcleos do super computador que processa a totalização dos votos havia resultado no atraso da divulgação dos resultados. Depois, alegou que a demora na entrega de equipamentos por parte da empresa Oracle, em razão da pandemia, impediu a realização de testes prévios no sistema.
Janete Lobo (PSD), que foi candidata a prefeita de Careiro Castanho (a 86 quilômetros de Manaus), se baseia no relato de eleitores sobre a suposta fraude na contagem. “Teve casos de vereadores que nem a família votou, só apareceu o voto dele. E o da família? Do pai e da mãe que disse que chegou em casa e falou que tinha votado”, disse.
Cléber Mura (PSDB) foi candidato a vereador em Autazes (a 112 quilômetros de Manaus). Ele diz não acreditar que as alegadas diferenças no total de votos sejam por erro dos eleitores ao usarem as urnas eletrônicas. “É claro que nós temos pessoas muito humildes em relação a conhecimento, mas também temos pessoas bem avançadas em questão de conhecimento, pessoas que terminaram o ensino médio”, diz.
Cléber diz que não tem como provar que houve erro, apenas relatos de diferenças na contagem de votos feitas por eles e a disponível no TSE. “Eu não sei o que foi que houve. Eu não posso afirmar que foi fraude porque eu não tenho essa prova. Mas o certo é que eu tenho esses episódios que aconteceram”, afirma.
(Colaborou Jullie Pereira e Murilo Rodrigues)