Por Felipe Campinas e Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Candidatos a vereador de Manaus e eleitores promoveram protesto na manhã desta quinta-feira, 19, em frente à sede do TRE (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas), no bairro Adrianópolis, zona centro-sul, contra o resultado das eleições de domingo, 15. Eles reconhecem que não venceram o pleito, mas alegam erro no sistema de votação e pedem recontagem de votos.
Os manifestantes assinaram uma petição que pede o cancelamento das eleições de domingo e a realização de nova votação. Parte dos participantes do protesto também defende o voto em papel. No protesto, funcionários da Justiça Eleitoral recolheram uma lista com os nomes dos candidatos que se sentiram prejudicados no primeiro turno.
O candidato Sidney Souza (PMB), que obteve 861 votos, afirmou que, antes de o sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) apresentar instabilidade, o site da Justiça Eleitoral apontava que ele tinha 1.186 votos. Segundo ele, quando a apuração foi retomada, o total de votos dele caiu para 861.
“Gente, que foi que aconteceu de verdade? Até antes de paralisar o sistema, eu tinha 1.186 votos e quando voltou foi para 861. Ontem eu estive aqui no TRE buscando essas informações, pedindo uma ‘reconferência’ dos votos e a Zona 68 informou para mim que não poderia passar para mim essa ‘reconferência’ porque não tinha sistema”, disse Souza.
“Eu perdi, sim, a eleição. Mas eu perdi com dignidade. Eu quero meu voto justo. Quero que apareça meus votos nas urnas e as pessoas que estão aqui também. Aqui não tem nenhum vagabundo que comprou voto de ninguém. Aqui foi tudo na honestidade. Aqui são lideranças comunitárias que querem saber o seu valor”, completou o candidato do PMB.
Outro candidato que contesta o resultado nas urnas é Adriano Félix (PSB), que teve 675 votos. Ele também alega que houve redução do número de votos após a instabilidade no sistema da Justiça Eleitoral “O sistema falhou por duas horas. Antes de parar o sistema, quando estava em 60,99%, nós estávamos com 600 e poucos votos, quando voltou a gente baixou”, disse o candidato.
Félix também estima que tenha recebido votos em número superior ao registrado pelo TSE. “Todo mundo sabe mais ou menos quanto vai pegar a sua votação. A gente aceita perder. A gente só quer saber a realidade. Quantos votos nos pegamos realmente. Porque todo mundo vem com a gente, bate no nosso ombro, votei em ti, então já vai pra mais de 1.500 batidas no meu ombro dizendo que votou em mim. E cadê esses votos?”, afirmou o candidato.
O Pastor Jedrael (Avante), que alcançou 434 votos, afirmou que não contesta o fato de não ter sido eleito, mas quer um resultado “justo”. “Não estamos reivindicando a questão porque perdemos, mas a gente quer saber onde estão os nossos votos. Nós temos um exército por trás da gente de eleitores perguntando: eu votei no senhor, cadê meu voto?”, disse o pastor.
O candidato do Avante convidou eleitores que se consideram “lesados” a unir forças para pressionar o TRE-AM. “Então, vamos marcar, vamos para a rua porque o povo unido jamais será vencido. Precisamos dar uma resposta para nossos eleitores. Em horário de 6h20, nossos eleitores estavam acompanhando, estávamos com 1.600 votos. Quando deu o apagão, 6h30, voltou às 9h30 nós estávamos com 432 votos. É inadmissível”, disse.
Em nota enviada aos jornalistas, o presidente do TRE-AM, desembargador Aristoteles Thury, afirmou que apesar das dificuldades enfrentadas em decorrência da pandemia causada pelo novo coronavírus, a Eleição Municipal de 2020, no Amazonas, transcorreu normalmente.
“A população amazonense pôde expressar sua livre vontade através do voto, na escolha de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de 61 municípios do interior do Estado. É uma vitória sem precedentes da Democracia frente às adversidades destes novos tempos”, afirmou Thury.
O presidente do TRE-AM também disse que eventual insatisfação com os resultados das urnas deverá ser debatida exclusivamente através dos meios legais.
“As manifestações que tenham, por finalidade, questionar o resultado do pleito através da intimidação de autoridades, da ameaça à integridade física de servidores e da depredação do patrimônio público serão apuradas rigorosamente na forma da lei”, disse Thury.
O desembargador também afirma que “não se ganha uma eleição através da ameaça, da incitação à violência e da demonstração de força”. “Não manche a reputação de seu município. Participe do processo democrático como cidadão”, afirmou o presidente do TRE-AM.
(Colaborou Murilo Rodrigues)