Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Os candidatos a governador do Amazonas propõem a exploração sustentável da Floresta Amazônica. Nos planos de governo, disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), há sugestões como zoneamento ecológico-econômico, manejo florestal, crédito de carbono e bioeconomia.
Zoneamento e licenciamento
Ricardo Nicolau (Solidariedade) propõe o zoneamento ecológico como forma de usar recursos naturais para o desenvolvimento sustentável. O zoneamento delimita áreas que podem ser exploradas com atividades compatíveis a características regionais. O candidato alega que esse método viabilizará o financiamento de empreendimentos por bancos nacionais e internacionais.
Wilson Lima (União), que disputa a reeleição, também propõe implantar zoneamento econômico-ecológico para melhorar o setor primário. Sugere acelerar a análise dos pedidos de licenciamento ambiental de áreas produtivas e construir unidades para pré-beneficiamento do pescado manejado.
Amazonino Mendes (Cidadania) e Henrique Oliveira (Podemos) também citam a necessidade de otimização do licenciamento ambiental. De forma genérica, Amazonino inclui no plano a captação de recursos a partir da floresta em pé para garantir o desenvolvimento com sustentabilidade.
Crédito de carbono e UCs
Ricardo Nicolau e Wilson Lima têm propostas semelhantes para crédito de carbono. Nicolau defende implantar um centro de negociação de crédito de carbono em Manaus, a “Plataforma Amazonas”. Uma tonelada do gás corresponde a um crédito de carbono, que pode ser negociado com outros países.
“Para isso, vamos implementar o Sistema Estadual de REED+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), como ferramenta para receber pagamento por serviços ambientais no Amazonas”, sugere.
Nicolau diz que é preciso mapear as Unidades de Conservação para receber pagamentos pelos serviços ambientais ou crédito de carbono, diagnosticar as potencialidades do estado para se habilitar a receber o crédito e submeter projetos para a arrecadação de recursos internacionais.
Wilson Lima apresenta o programa REDD+ Amazonas, que cria o marco legal para o mercado de carbono em acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Ministério do Meio Ambiente e padrões internacionais.
Para as Unidades de Conservação, Lima quer fortalecer políticas públicas voltadas à bioeconomia. Outra proposta para as UCs é remunerar moradores dessas áreas de proteção por atividades de proteção da floresta pelo Programa Guardiões da Floresta.
Henrique Oliveira não cita diretamente uma política de crédito de carbono, mas sugere incentivar a economia de baixo carbono na redução das emissões na atmosfera através do uso de energias limpas no grupo de propostas para incentivar a economia.
Negócios sustentáveis
A candidata Carol Braz (PDT) quer incentivar empresários a adotar políticas sustentáveis. No plano, propõe criar o Cedam (Centro de Educação Ambiental do Amazonas) que, entre outras finalidades, deverá priorizar cursos de empreendedorismo agroflorestal e alternativas de renda com responsabilidade ambiental.
A candidata apresenta a proposta do ICMS Verde – incentivo fiscal para incentivar empresas com economia baseada na sustentabilidade – e desenvolver as potencialidades do estado como o turismo, cosméticos, fármacos, peixes.
Dentro de negócios sustentáveis, o plano da candidata Nair Blair (Agir) incentiva a formação técnica em Design Amazônico de Mobiliário, Construção Civil sustentável, Luthieria [produção de instrumentos musicais com madeira] e objetos de madeira certificada, entre outros. Outra proposta é criar um polo de cosméticos com insumos amazônicos.
Nair Blair sugere expandir, a partir de 2023, o Mercado Consumidor de Produtos Pesqueiros, para geração de emprego e renda; e orientar, até o final do próximo ano, a criação de redes de comercialização de produtos amazônicos, integrando e estruturas de logística portuárias e aeroportuárias para valorização de produtos alimentares, fármacos, cosméticos e outros.
Riquezas naturais
O candidato Eduardo Braga (MDB) foca nas exploração de recursos minerais. Ele pretende explorar o gás natural para a indústria química. Segundo o senador, com essa matriz energética o Amazonas ganhará mercado nacional e internacional ao produzir fertilizantes sem derrubar árvores.
Braga inclui no plano, sem detalhamentos, a exploração dos produtos florestais madeireiros e não madeireiros de forma racional e inteligente com tecnologias inovadoras para transformar o interior em polos descentralizados de emprego e renda.
Reciclagem
O plano do candidato Israel Tuyuka (Psol) difere dos demais ao não relacionar preservação ambiental e atividade econômica. Entre as propostas, o destaque vai para a reciclagem do lixo. Tuyuka propõe implantar coleta seletiva; usinas de beneficiamento do lixo e produção de adubo orgânico; e criar cooperativas de logísticas reversas para reaproveitamento ou descarte apropriado de materiais.
O candidato também sugere instalar lixeiras ecológicas para a correta separação dos resíduos sólidos em parceira com as prefeituras dos municípios.