EDITORIAL
MANAUS – Países como China e Japão, que mantêm casos de Covid-19 e mortes pela doença em números insignificantes comparados a Brasil e Estados Unidos, por exemplo, tiveram uma preocupação que os países da América e muitos da Europa não tiveram: a prevenção para evitar a propagação do vírus.
A principal arma de prevenção dos dois países asiáticos foram a testagem de pacientes e o isolamento dos infectados. No Brasil não se fez nenhuma coisa nem outra.
Na China, desde o início da pandemia, pouco mais de 100 mil pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus e o país registrava menos de 5 mil mortes na segunda quinzena de janeiro deste ano. O Japão contabiliza 405 mil infectados e 6,4 mil mortos.
Lembremos que a China tem uma população de 1,4 bilhão de habitantes, ou seja, quase sete vezes a população brasileira. O Japão tem 126,5 milhões de habitantes, pouco mais da metade da população do Brasil.
Por aqui, a Covid-19 já matou 231.561 pessoa e 9.522.132 foram infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia. Significa 46 vezes mais mortes do que na China e 36 vezes mais do que no Japão.
Nesses dois países, que também fizeram isolamento social, principalmente em cidades com maior incidência da doença, tiveram um cuidado especial com a circulação de pessoas no país e com a entrada de pessoas de fora. Ao identificar uma pessoa infectada, as autoridades desses países a isolavam até que passasse o período de transmissão.
No Brasil, só o grupo de pessoas resgatadas de Wuhan (China), o primeiro epicentro da epidemia no mundo, ficou isolado sob vigilância das autoridades brasileiras.
Depois que a doença começou a se espalhar, não faltaram relatos de indivíduos com teste positivo do novo coronavírus participando de festas e infectando outros.
Diante do agravamento da doença nas cidades brasileiras, a população ficou largada à própria sorte, sem qualquer controle da doença por parte das autoridades. O país até hoje não conseguiu fazer testagem em massa. Muita gente que contraiu o vírus nunca chegou a comprovar que foi infectada.
No pico da pandemia, nos primeiros meses de 2020, alguns governos, como o do Amazonas, criaram aplicativos para que as pessoas se consultassem com médicos virtualmente. Tais consultas nunca serviram para diagnosticar a Covid-19. As pessoas que estavam com a doença ou a trataram em casa ou recorreram a um hospital, que só atendia os casos muito graves, quando atendiam.
Não foram poucos os pacientes que morreram nas portas dos hospitais em busca de atendimento ou em casa, e só depois de alguns dias, as autoridades de saúde comprovavam a causa da morte por Covid-19. E até hoje é assim.
Essas pessoas, sem dúvida, transmitiam e transmitem a doença às pessoas mais próximas. Mesmo depois de comprovada a causa da morte por Covid, os parentes que cuidaram do paciente eram ou são chamados para testagem, quando deveriam ser testados e isolados até que completassem a quarentena. Nada disso foi feito.
Até hoje a população não sabe onde recorrer para fazer um teste de Covid-19 se estiver sentindo sintomas. Até hoje ninguém sabe que critérios e que pessoas são submetidas aos testes que já comprovaram a infecção de quase 10 milhões de pessoas, número que certamente não reflete a realidade.
A prevenção oferecida pelo governo federal, anunciada pelo ministro da Saúde e defendida pelo presidente da República, foi a administração de medicamentos de eficácia duvidosa e muitos deles de ineficácia comprovada.