EDITORIAL
MANAUS – O presidente Jair Bolsonaro teve mais um surto de grosseria nesta quinta-feira, 4, e soltou o verbo contra as medidas recomendadas pela ciência para amenizar o contágio do novo coronavírus e as mortes por Covid-19. Fez isso um dia depois de o Brasil registrar um recorde no número de mortes desde o início da pandemia.
Por que o presidente perde a compostura? Porque a Covid-19 é um péssimo negócio para a reeleição dele. Bolsonaro, desde que assumiu o cargo de presidente, não pensa em outra coisa senão na reeleição. Não governa, não tem compromisso com absolutamente nenhum Estado Brasileiro e nem com o país, não respeita nem seus aliados e culpa governadores a imprensa pelo desastre de sua administração.
No tema Covid-19, desde março de 2020, o presidente tem deixado claro que sua preocupação é com a economia do país. Para ele, as mortes de brasileiros pela doença não faz qualquer diferença. O importante é não impactar a economia.
O presidente mostra-se desinformado ou acha que desinformada é a população brasileira, ao repetir que se deve “guardar em casa” apenas os idosos e as pessoas com comorbidades, porque a doença causada pelo novo coronavírus só mata esses.
No Amazonas, a doença matou pessoas de todas as idades, não apenas idosos e pessoas com doenças crônicas. Aquela onda que levou o sistema de saúde do Amazonas ao colapso agora se alastra por todos os cantos do Brasil.
As medidas de restrição precisam ser adotadas para evitar um colapso geral no sistema de saúde brasileiro. Quando o problema atingia apenas o Amazonas, outros Estados acolheram pacientes com Covid-19 daqui transferidos. Num eventual colapso nacional, não haverá a quem recorrer.
Mas o presidente reclama – e mente – que o STF (Supremo Tribunal Federal) lhe “castrou a autoridade”. E sugere que se tivesse autoridade, liberaria o funcionamento do comércio em todas as cidades brasileiras. Para ele, o distanciamento social é “uma forma ignorante, burra e suicida” de combater a Covid-19.
No entanto, o presidente não apresenta qualquer alternativa para frear o avança da pandemia, que nesta semana bateu recorde de mortes no Brasil (quase 2 mil por dia).
Mas isso não importa. O que importa é que um levantamento divulgado nesta quinta-feira mostra queda de popularidade de Jair Bolsonaro nas redes sociais. Isso, sim, é preocupante para ele.
Até aqui, quase nada foi feito por iniciativa própria do presidente da República no combate à pandemia. Ele tem agido apenas quando pressionado pelos fatos.
Com a chegada da vacina, ele poderia se redimir, mas não o fez. O Brasil patina na vacinação em comparação a países como os Estados Unidos, onde o processo de imunização começou tímido, mas agora avança a uma média de 2 milhões de doses por dia aplicadas na população.
Cobrado sobre a morosidade da vacinação, o presidente deu essa resposta: “Tem idiota nas redes sociais, na imprensa, ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe! Não tem para vender no mundo!”
É isso! Esse é o presidente da República Federativa do Brasil, eleito pelo voto popular.