
Da Folhapress
BRASÍLIA e RIO DE JANEIRO – Após a primeira reunião em que foi tratada a transição de governo, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), decidiu manter o superministério da Economia.
A nova pasta será formada pela junção de Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior e será comandada por Paulo Guedes. A fusão dos ministérios foi confirmada por dois futuros ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Guedes.
Embora essa estrutura já estivesse no plano de governo apresentado à Justiça Eleitoral, em entrevista recente, Bolsonaro admitiu que poderia manter a pasta de Indústria e Comércio Exterior separada, após sofrer pressão por setores da indústria. Mas voltou atrás, o que foi comemorado por Guedes.
“Nós vamos salvar a indústria brasileira, apesar dos industriais”, disse. Ele ficou irritado ao ser questionado sobre a mudança de plano para a superpasta.
A proposta de junção consta do plano de governo apresentado por Bolsonaro à Justiça Eleitoral.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) emitiu nota contra a decisão. A entidade disse que a indústria precisa de ministério próprio.
Segundo Guedes, porém, a fusão dos ministérios da Fazenda e Indústria tem um objetivo: reduzir a carga tributária de forma sincronizada com uma política de abertura comercial do Brasil.
O futuro ministro afirmou que essa abertura deverá ser gradual para não prejudicar a indústria, que, em sua avaliação, está entrincheirada, tentando se proteger da competição externa com a ajuda de incentivos e subsídios do governo federal.
“Quem tem lobby consegue desoneração e quem não tem vai para o Refis [programa de renegociação de dívidas tributárias]”, disse Guedes.
A redução da carga tributária e a simplificação dos impostos teria como objetivo interromper esse círculo vicioso e permitir o ganho de competitividade por meio da abertura comercial, de acordo com Guedes.
“Não vamos fazer uma abertura abrupta para prejudicar a indústria brasileira. Ao contrário, vamos retomar o seu crescimento com juros baixos, reformas fiscais e desburocratização”, disse.
“A razão do Ministério da Indústria e Comércio estar próximo da economia é justamente para isso. Não adianta a turma da Receita ir baixando os impostos devagar, e a turma da indústria abrir muito rápido. Isso tudo tem de ser sincronizado, com uma orientação única”, afirmou Guedes.
Em relação à superpasta, o futuro ministro disse que ainda não começou a tratar de nomes para chefiar as estatais.
Guedes afirmou que não convidou quadros que estão no governo Michel Temer para ficar na nova gestão.
Mansueto de Almeida, secretário do Tesouro, e Marcos Mendes, secretário especial da Fazenda, são cotados para permanecer.
Sobre a subvenção do diesel, Guedes afirmou que uma opção foi elaborada, mas ainda não deu tempo de levá-la ao presidente eleito.