Por Aline Bronzati, do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que não temeu pelas instituições brasileiras durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas manteve atenção para que esse risco não se materializasse.
“Tem uma música da Legião Urbana que diz assim: ‘não tenho medo de escuro, mas deixo as luzes acesas’. Eu não temi propriamente, mas acendi todas as luzes que podia acender para que isso não acontecesse”, disse ele, durante o evento Brazil Economic Forum, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em Zurique, na Suíça.
“O mal que aconteceu no Brasil, nos Estados Unidos e em outras partes, é que as tribos criam as suas próprias narrativas e nós perdemos esse espaço de fatos comuns”, acrescentou. Barroso afirmou que durante os quatro anos do governo Bolsonaro o Supremo esteve sob “severo ataque” do ex-presidente.
“O presidente não se elegeu, mas teve quase 50% dos votos. Portanto, muita gente, de certa forma, se identifica com esse discurso”. “De modo que o que eu tenho esforçado é para mostrar para esse segmento da sociedade que o Supremo não é um problema”.
O ministro defendeu o Supremo como parte da solução e disse que há um “mito do ativismo judicial” da Corte. “Não estou aqui dizendo que o Supremo acerte 100%. Eu estou tentando convencer o eleitorado de que o Supremo não é um problema para que diminua essa animosidade”, afirmou.
Na semana passada, durante a cerimônia de lançamento da exposição “Pontos de Memória”, que relembra o ataque sofrido pela Corte durante os atentados golpistas do dia 8 de Janeiro, Barroso já havia defendido a pacificação no País.
Segundo ele, os atos golpistas de 8 de Janeiro representaram “a mais profunda e desoladora derrota do espírito” e que o momento agora é de uma “verdadeira pacificação da sociedade”.