O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), mexeu na composição da Câmara Municipal de Manaus (CMM) para colocar um representante da diretoria do Sindicato dos Rodoviários, que ameaçava fazer greve nesta semana e parar o transporte coletivo da capital. A mexida veio travestida da interminável reforma administrativa que o prefeito anunciou desde dezembro de 2014 e começou a executar em janeiro deste ano. O prefeito tirou, dois vereadores para assumir cargos de secretários: Gilmar Nascimento (PDT) vai assumir a Secretaria Municipal de Administração (Semad) e Sildomar Abtibol (Pros) vai para a Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel). No lugar de Gilmar Nascimento, deveria assumir o primeiro suplente da coligação, o ex-vereador Luiz Alberto Carijó (PDT), mas Arthur também o chamou para ser o titular de uma pasta criada por encomenda para acomodar o aliado, a Secretaria Municipal Extraordinária, que segundo a lei que a criou, vai cuidar da articulação junto ao governo federal para a liberação de recursos internacionais. Portanto, as duas vagas abertas na CMM serão ocupadas pelo segundo suplente da coligação, o advogado Joelson Silva (PHS, o partido do presidente da CMM, Wilker Barreto) e pelo terceiro suplente, o ex-vereador Jaildo de Oliveira Silva, o Jaildo dos Rodoviários.
Negociações de véspera
O Sindicato dos Rodoviários, dirigido há quase uma década pela família Oliveira, ameaçava realizar uma greve nesta quarta-feira, 29. A decisão foi tomada em assembleia geral da categoria no dia 23 deste mês. Na noite desta segunda-feira, 27, Jaildo, e os irmãos dele, Givancir Oliveira (presidente do sindicato) e Josildo Oliveira (vice-presidente) se reuniram com o prefeito Arthur Virgílio Neto. Nesta terça-feira, o movimento grevista arrefeceu e Jaildo se tornou vereador de Manaus.
Extraordinário
A justificativa para a criação de um cargo de secretário extraordinário, que será ocupado pelo ex-vereador Luiz Alberto Carijó, é de que os processos para contrair financiamento de organismos internacionais estão emperrados na Secretaria do Tesouro Nacional. O que surpreende é que nunca na história do município foi preciso nomear um secretário para realizar tarefa que parece tão elementar.
Consolo ao ex
O ex-secretário municipal do Centro Raphael Assyag se contentou com um cargo bem aquém do que ele construiu para a gestão de Arthur. Vai cuidar da iluminação pública, subordinado à Casa Civil. Foi de Assayag a articulação com os camelôs de Manaus para passar uma borracha no clima de hostilidade contra o prefeito criado na gestão dele na prefeitura entre 1989 e 1992. Assayag deixou a secretaria do Centro para se candidatar a deputado estadual, perdeu a eleição e a secretaria foi extinta.
Platiny patina
O deputado Platiny Soares (PV), que se elegeu colado ao governador José Melo, perdeu prestígio junto ao governador e tenta dar justificativas para a categoria que trabalhou para que ele chegasse ao parlamento. Com a negativa do governador para as promoções dos praças, o deputado apresentou dois projetos de lei, um que regulamenta a escala de serviço e outro que cria o Código de Ética. “São demandas dos praças com o mesmo grau de importância”, disse Platiny.
Comportamento infantil
Aliados de Arthur Virgílio Neto e de José Melo, na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa, respectivamente, passaram a adorar um argumento que pode ser considerado um comportamento infantil para rebater as críticas dos parlamentares do PT: recorrem sempre ao que o governo federal fez, faz ou deixou de fazer. Isso ocorre mesmo quando o tema não tem nenhuma relação.
Exemplos
Querem dois exemplos: nesta terça-feira, na CMM, o vereador Bibiano queria aprovar um requerimento com pedido de informação sobre um convênio de R$ 110 milhões com o governo do Estado para asfaltamento de ruas. O líder do prefeito orientou a votação contra porque a presidente Dilma não liberou recursos para o município; na ALE, semana passada, José Ricardo (PT) falava da situação precária em municípios do interior do Estado, cobrava providências do governo e ouviu do líder de Melo que o PT está envolvido em escândalos de corrupção. É pra lamentar a atuação parlamentar.
Desarmamento
O deputado federal Marcos Rotta (PMDB) conseguiu aprovar na comissão que discute o projeto de lei que altera o Estatuto do Desarmamento um requerimento para trazer a discussão para Manaus. A data ainda é desconhecida, assim como a posição do parlamentar sobre a proposta que libera o uso de arma de fogo para o cidadão comum.