Do ATUAL
MANAUS — O Amazonas bateu recorde no número de queimadas em julho, com 4.241 focos de calor. O número é o maior já registrado para o mês desde o começo do monitoramento feiro pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em 1998.
Em comparação com o mesmo período de 2023, foram registrados 121 focos – aumento de 547%. Mesmo incluindo os dados de julho de 2022 (1.428 focos) e 2023 (1.947 focos), o número atual ainda supera essas marcas.
O estado também bateu um recorde diário na terça-feira (30), com 783 focos de calor, o maior número em um único dia desde o começo do monitoramento. O Pará aparece em segundo lugar com 3.265 focos, e Rondônia com 1.617 focos.
Apuí lidera no estado com 1.434 focos, seguido por Lábrea, com 920 focos. Na sequência estão Corumbá–MS com 742; Itaituba–PA com 719; e Porto Velho, em Rondônia, com 633 focos. O uso do fogo no sul do Amazonas está proibido desde o dia 5 de julho como medida para conter as queimadas.
As terras indígenas mais atingidas são a Munduruku e a Kayapó, áreas conhecidas pelo impacto histórico do garimpo. Entre as Unidades de Conservação, o Parque Estadual de Guajará-Mirim, em Rondônia, apresenta situação alarmante com 40% dos registros ocorrendo em áreas protegidas.
Amazônia
A Amazônia Legal registrou 11.434 focos de calor em julho, um aumento de 98% em relação ao mesmo mês de 2023, que teve 5.772 focos. Esse é o maior número registrado desde 2005, quando o recorde foi de 19 mil focos de calor em julho.
O aumento das queimadas está associado ao “verão amazônico”, um período de seca e altas temperaturas que deixa a vegetação mais vulnerável ao fogo. Rômulo Batista, especialista em campanhas do Greenpeace Brasil, cita que a maioria das queimadas tem origem humana, seja por desmatamento intencional ou por queimadas descontroladas em áreas agrícolas e pastagens.
“Cabe lembrar que, mesmo assim, a grande maioria desse fogo tem sua origem por ação humana, seja propositalmente para desmatar ou queimar a floresta no chão, seja por perder o controle da queima de pastos e áreas de agricultura que acabam se espalhando”, diz o especialista.
O porta-voz também alerta que julho é apenas o primeiro mês deste período seco na Amazônia, e que há previsões de uma seca muito severa no bioma em 2024. “Considerando que ainda temos mais três meses de verão amazônico, a situação do fogo e da seca, que já fez três estados decretarem estado de emergência, é de extrema preocupação na Amazônia”, disse Batista.