Da Redação
MANAUS – Às vésperas do início do ano eleitoral, o Amazonas tem apenas dois pré-candidatos ao cargo de governador do estado. Amazonino Mendes (sem partido), que governou o estado quatro vezes, e Wilson Lima (PSC), que tentará a reeleição, já indicaram que pretendem promover um “segundo round” em 2022.
Alguns partidos nanicos também já manifestaram a disposição de lançar candidatos majoritários ao governo, mas ainda não definiram nomes.
Em 2018, sete candidatos participaram da disputa ao Governo do Amazonas, quatro deles com potencial para disputar uma vaga no segundo turno: Wilson Lima, Amazonino Mendes, David Almeida e Omar Aziz, que terminaram a disputa nessa ordem. No segundo turno, Wilson Lima derrotou Amazonino Mendes, com 58,5% dos votos válidos contra 41,5%.
Nomes também começam a figurar entre os candidatos à única vaga pelo Amazonas ao Senado Federal – atualmente ocupada pelo senador Omar Aziz (PSD), que tentará a reeleição -, como Coronel Menezes (Patriota), Chico Preto (Avante) e Arthur Virgílio Neto (PSDB), e aos oito cargos de deputado federal.
Revanche
Desde que voltou ao cenário político, em julho deste ano, após ser derrotado por David Almeida (Avante) na disputa pela Prefeitura de Manaus em 2020, Amazonino tem adotado postura de pré-candidato, sinalizando que virá para uma revanche com Wilson Lima. Usando a abelhinha que se tornou seu principal símbolo de campanha no fim do século passado, ele tem feito críticas à gestão Wilson Lima e relembrado os feitos de suas gestões.
Em outubro deste ano, ao anunciar que se filiaria ao União Brasil – sigla que resultou da fusão do DEM com o PSL, Amazonino agradeceu por ter sido escolhido pelo novo partido para disputar o pleito de 2022. “Eu tenho a honra de ter sido já aceito, informalmente, como candidato ao governo do nosso estado”, afirmou o ex-governador.
Amazonino reforçou a candidatura em entrevista ao ATUAL em novembro deste ano. Na ocasião, questionado sobre sua carreira política, ele respondeu que “agora está mais do que preparado” para comandar o estado e que “só Deus” o aposentaria: “Só quem pode me aposentar é Deus. Eu sou morrer lutando a vida toda. Eu nasci para isso”, afirmou.
O ex-governador não poupou críticas aos deputados estaduais. Em entrevista à TV Norte Amazonas, no mês passado, ele disse que nunca tinha visto uma Assembleia Legislativa do Amazonas “tão subserviente”. Ele lembrou que, quando governou, tinha a Casa Legislativa contra ele, mas sempre respeitou a independência dos Poderes.
“Assembleia faz tudo o que o governo quer. Nunca vi uma Assembleia tão subserviente. A gente se sente mal. O Estado que não tem uma Assembleia… Eu, quando governei, recentemente, tinha a Assembleia contra mim. Eu sempre respeitei os deputados. Para mim, tem que ser independente, não comprado através de contratos, negociatas”, disse Mendes.
Amazonino, na verdade, nunca teve a Assembleia contra ele, mas entre os deputados haviam alguns que faziam opisição sistemática contra os governos dele. Em 2018, durante o mandato tampão, ele teve a maior oposição de todos os mandatos, capitaneada por David Almeida, que era presidente da Assembleia.
Com o controle da máquina estadual, cuja arrecadação bateu recorde em 2021 – a previsão orçamentária de R$ 19 bilhões foi ultrapassada e alcançou R$ 25 bilhões, Wilson Lima tem apostado em ações sociais em todos os municípios do Amazonas. Em 2o22, ele terá receita estimada em R$ 24 bilhões – R$ 5 bilhões a mais que 2021.
Lima tornou permanente o auxílio emergencial do Governo do Amazonas de R$ 150 pago a 300 mil famílias e fez questão de entregá-los pessoalmente a alguns beneficiários em viagens a municípios considerados grandes colégios eleitorais, como Parintins, Maués, Tefé, Coari, Tabatinga, Itacoatiara e Rio Preto da Eva.
O governador também anunciou a realização de concursos públicos para órgãos da SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública), promoveu o pagamento do “maior Fundeb da história” a 32,9 mil profissionais da Educação e assinou convênio com a Prefeitura de Manaus para conceder passe livre a estudantes de escolas públicas em 2022.
Lima teve os primeiros anos de gestão conturbados, marcados pela greve de trabalhadores da Saúde e da Educação em 2019, a crise da falta de oxigênio em hospitais de Manaus em 2020, o processo de impeachment – que conseguiu derrubar na Assembleia – e as ações da Operação Sangria, também no ano passado.
Na última quinta-feira (23), o governador reconheceu que cometeu erros, mas disse que caciques que já governaram o Estado tentaram sabotar sua administração. Sem citar nomes, disse que no começo do governo confiou em quem não merecia a confiança dele. “Achei que só com boa vontade dava para resolver a vida das pessoas mais sofridas”.
Indenido
O senador Eduardo Braga (MDB) também é uma aposta para disputar o governo do Amazonas, mas até aqui evita falar em candidatura. O emedebista ainda analisa os números das pesquisas de intenção de voto e busca apoios antes de bater o martelo sobre a eleição do próximo ano.
Para ele, só interessaria o cargo de governador. Apesar das especupações de que ele poderia compor com Amazonino Mendes, se isso ocorrer, dificilmente o senador abandonaria o cargo no Senado Federal para disputar a vice-governadoria.
O prefeito David Almeida (Avante) já sinalizou que não pretende disputar o governo do Estado em 2022 e vem sendo cortejado pelo governador Wilson Lima. A expectativa é de uma composição com o governador em que David indicaria o vice. Um dos nomes mais cotados é o do secretário de Limpeza Pública e ex-deputado estadual Sabá Reis.
Senado
Omar Aziz disputará a reeleição com pelo menos três adversários políticos: Arthur Virgílio Neto, Coronel Menezes e Chico Preto. Os três têm feito duras críticas ao parlamentar que comandou a CPI da Covid neste ano e, juntos, tem trabalhado para desgastar a imagem do senador que foi alvo da Operação Maus Caminhos em 2019.
Nos bastidores, adversários de Omar afirmam que ele não tem forças suficientes para tentar a reeleição e que, por isso, disputará uma vaga na Câmara dos Deputados. No entanto, o senador declarou ao ATUAL, no último dia 20 de dezembro, que é candidato à reeleição e que isso preocupa os adversários dele.
A união contra Omar não representa aproximação entre os adversários do senador. Os bolsonaristas Chico Preto e Coronel Menezes têm trocado farpas publicamente em razão da representatividade bolsonarista no Amazonas. O militar da reserva chama o oponente de “lacrador” e o candidato do Avante afirma que o patriota não tem história e proposta.
Arthur Virgílio tem gastado energia contra Omar, com ataques públicos contra o senador. Em julho deste ano, o tucano chamou o presidente da CPI de “sem escrúpulo” e Aziz disse que Neto queria uma “carta de seguro”, em razão de denúncias de corrupção na prefeitura, e que estava “a serviço do Bolsonaro”.
Na defesa de Omar, Marcelo Ramos, que é vice-presidente da Câmara dos Deputados, deve tentar a reeleição para concretizar o sonho de se tornar o presidente daquela Casa. O político, que recentemente deixou o PL em razão da filiação do presidente Jair Bolsonaro, tem protagonizado embate com Coronel Menezes.
Seguindo uma linha de campanha menos ofensiva, José Ricardo (PT), o deputado federal mais votado no Amazonas no pleito de 2018, aponta que deve disputar a reeleição no próximo ano. O petista deve reunir apoio de boa parte de simpatizantes da esquerda no estado, vez que faz oposição do presidente Jair Bolsonaro na Câmara.