MANAUS – No dia 22 de março foi comemorado o Dia Mundial da Água. Água é um direito humano. Mas ainda há milhares de pessoas sem acesso à água potável.
O Fórum das Águas promoveu a Romaria das Águas, com a participação de dezenas de entidades e movimentos sociais que lutam pelo direito da população à agua de qualidade e que foram de barco até o Encontro das Águas, rio Negro e Rio Solimões, manifestar a necessidade de reforçar a luta pelos igarapés, pelos rios, pelas bacias e pela vida das pessoas.
A data foi instituída pela ONU, em 1992, para alertar a população sobre a necessidade de preservação desse recurso natural, vital para a vida. Dia de reflexão sobre esse bem fundamental para a vida e que vem se transformando em mercadoria pelos interesses econômicos.
Em 2023 teve a seca histórica. Os rios secaram. A água sumiu. Muitos peixes morreram. Milhares de famílias ficaram com fome e com sede. As mudanças climáticas estão ocorrendo. E isso afeta a água. Um dia pode realmente acabar, ao menos, a água potável, pois cresce a contaminação dia rios e nascentes.
O saneamento, que é um direito da cidade e uma obrigação do poder público, ainda não ocorreu como deveria. O temos são falhas graves como: consumo de água contaminada, falta de tratamento de esgoto, destinação e reaproveitamento dos resíduos sólidos e muito mais.
Segundo o Instituto Trata Brasil, entre as 100 maiores cidades do Brasil, Manaus está entre as 20 com menos saneamento. Os dados mostram que o tratamento de esgoto é um pouco mais de 20% na cidade. Basicamente 80% do esgoto vai para os igarapés, rios e subsolo. Talvez seja hora da Prefeitura de Manaus, Câmara Municipal e a sociedade cobrar o cumprimento das metas da empresa privada que assumiu os serviços há 24 anos.
O Fórum das Águas lançou um manifesto pela água, com base no Documento do Papa Francisco, Laudato Si, Louvado Seja, que trata da casa comum, onde denuncia que há uma crise socioambiental, que a água não pode estar sujeito aos interesses econômicos em detrimento da vida da população, principalmente dos mais pobres, que não tem recursos, mas tem direito à água.
No mundo, segundo a ONU, a escassez de água potável atinge 2 bilhões de pessoas. Tem muitos países que a situação é desesperadora.
No Amazonas, temos muita água. Mas precisamos preservar. Cuidar. Garantir que todos tenham acesso.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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