MANAUS – A publicidade da Justiça Eleitoral com objetivo de combater as fake news tem como foco o usuário da internet e das redes sociais, como se esses fossem capazes de sair da condição de vítimas para serem combatentes das notícias falsas. O usuário comum não tem condições de combater as fake news.
Por trás das notícias falsas há uma rede criminosa bem estruturada e bem paga para fazer o jogo sujo da política. Com produções cada vez mais sofisticadas, essas redes atuam com tal grau de profissionalismo que o leitor muitas vezes cai nas armadilhas e encaram as fake news como verdades absolutas.
Como já dissemos neste espaço, as notícias falsas sempre existiram em época de eleição. Com o advento da internet e das redes sociais elas só ganharam sofisticação e velocidade na disseminação.
Antes da internet, o mais comum eram os panfletos apócrifos, tão comuns nas disputas eleitorais brasileiras. Outro mecanismo era a divulgação de notícias nos meios de comunicação de massa para exaltar determinado candidato e jogar lama no adversário dele, tudo com uma aura de notícia séria.
As fake news não nascem da cabeça de pessoas descontentes com determinados candidatos. Elas são gestadas nas reuniões de coordenações de campanhas. Muitas vezes, contratam-se clandestinamente pessoas para produzir e disseminar conteúdo com ataques a adversários. Tais ataques partem, aparentemente, de pessoas acima de qualquer suspeita e sem vínculo com político.
Assim, é difícil tanto pegar quanto punir os responsáveis. A lei eleitoral tirou dos candidatos qualquer responsabilidade sobre o conteúdo pejorativo na internet sem que se tenha provas cabais de que as ações partiram deles ou dos comitês de campanha.
Com isso, basta que se apaguem os rastros. Se alguém for pego com a mão na massa, certamente assumirá a responsabilidade sem indicar os verdadeiros promotores das fake news.
Por outro lado, aquela prática de usar os meios de comunicação de massa para atacar uns e defender outros passou a ser usada também por blogs, sites e portais de notícias. A notícia, muitas vezes sem a mínima comprovação, é lançada com uma pitada de veneno para matar aos poucos as possiblidades de determinado político.
O leitor, usuário ou eleitor deve exercer sua cidadania e tomar o devido cuidado para não cair nas armadilhas, assim como deve evitar o compartilhamento de fake news, mas nesse campo minado é muito difícil saber quem fala a verdade.
As autoridades, incluindo a inteligência policial, têm muito mais condições de identificar essas e desmascarar os candidatos que estejam por trás delas. Resta saber se há vontade política para isso.