A Prefeitura de Manaus assinou, nesta terça-feira, 4, contrato de serviços com empresa que vai administrar a chamada “zona azul”, um conjunto de ruas nas quais os motoristas que se dirigirem ao centro, e quiserem estacionar seus carros, deverão pagar algo em torno de R$ 2,45 por hora. Convocada para cobrir o ato, a imprensa silenciou sobre um aspecto importante sobre o tema: a responsabilização por danos ou furtos nos veículos que buscarem o serviço da zona azul.
Ora, o problema da falta de vagas de estacionamento no centro de Manaus não é a falta de pagamento. Essa cobrança já é realizada com bastante eficiência. Basta tentar usar uma vaga disponível e, antes que se consiga sinalizar a parada, ali estará um “flanelinha” para exigir a absurda, imoral e degradante cobrança por um espaço que é público e deveria ser gratuito.
A omissão da prefeitura municipal alimentou esse mercado de guarda de veículos, atividade ilegal, incômoda e agressiva. As mulheres e idosos são as principais vítimas, alvos fáceis das investidas intimidatórias de supostos guardadores de carros.
Por outro lado, a ausência de vagas é fruto da falta de educação, aliada à ausência de transporte coletivo urbano eficiente. Se o transporte público fosse minimamente adequado, os trabalhadores e consumidores que se dirigem ao centro de Manaus não precisariam usar veículos particulares, causando transtornos sociais e ineficiência econômica pro comércio local.
Pior de tudo é a solução torta encontrada pela Prefeitura que, ao invés de devolver os espaços públicos aos cidadãos, resolveu assumir o lugar dos flanelinhas, entregando a cobrança pelo estacionamento a uma empresa particular. Ou seja, para o cidadão exercer seu direito de livre acesso aos espaços públicos, terá antes de bancar o lucro de empresa privada.
No mínimo a Prefeitura deveria ter divulgado onde os recursos arrecadados com essa atividade serão aplicados. Preferencialmente deveriam ser vinculados à melhoria da mobilidade urbana, cujo orçamento é irrisório diante de outras rubricas, como a propaganda institucional.
Antes, nossos administradores precisam saber que o bolso dos contribuintes não deve ser a primeira opção para solucionar problemas de responsabilidade do poder público. É preciso inovação e compromisso com soluções criativas. Afinal, quem precisa de “flanelinha” ou empresa para dizer onde devo ou não estacionar? Já existem leis de trânsito suficientes. A praça e as ruas são do povo, como o céu é das aves…