O Papa Francisco lançou a proposta de uma nova economia no mundo para enfrentar a desigualdade social e a pobreza. Em Manaus, foi lançada a Casa Amazônica de Francisco e Clara, como semente para uma discussão de uma nova economia.
O Papa Francisco, em 2016, falou no Encontro Mundial dos Movimentos Populares que a desigualdade é a raiz dos males sociais e que os problemas do mundo não serão resolvidos pelo mercado e pela especulação financeira.
Em 2022, o Papa Francisco, na cidade de Assis, na Itália, reuniu centenas de jovens, a maioria economista, para defender uma nova economia inspirada em Francisco e Clara de Assis. Uma economia amiga da terra e uma economia de paz. Propôs transformar uma economia que mata, a economia do descarte que afeta os mais pobres, a biodiversidade, o planeta, a Casa Comum, numa economia para a vida.
O desemprego, a precarização do trabalho, os baixos salários, a substituição das pessoas por máquinas, para aumentar os lucros, são reflexos da economia que causam a pobreza. Para muito jovens é negado o primeiro emprego ou a experiência. E para as pessoas acima de 50 anos, apesar de muita experiência, é negado espaço no mercado de trabalho.
Água e alimento, apesar de fundamentais para a vida, são mercadorias somente acessadas por quem tem renda. Tarifas elevadas de água, esgoto, energia, gás, comunicação afetam os mais pobres. É triste saber que milhões de famílias passam fome no país, quando se tem produção acima dessa necessidade.
Na proposta da Economia de Francisco e Clara, o Papa diz que “o futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está, fundamentalmente, nas mãos dos povos, na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança”.
O Papa quer Realmar a economia. Por isso, o apoio às pequenas iniciativas, projetos, da economia solidária, dos pequenos produtores e dos agricultores familiares, da agroecologia, da produção de alimentos sem agrotóxicos, da sustentabilidade, das novas formas de economia, muitos outros solidários de geração de renda que a Cáritas e muitas instituições desenvolvem.
Uma iniciativa muito boa é a educação para a economia. Saber lidar e administrar os recursos, a renda da família, as armadilhas das finanças que tornam as pessoas vítimas e prisioneiras de dívidas. Mas também saber sobre o orçamento público, os recursos do povo, a transparência e prestação de contas dos gastos que devem priorizar as reais necessidades da população.
Em Manaus, na semana passada, foi inaugurada a Casa Amazônica Economia de Francisco e Clara, na comunidade de São Mateus, no Zumbi dos Palmares, zona leste de Manaus. É a primeira na Amazônia. Pretende promover as discussões sobre a nova economia que o Papa quer para o povo.
Para a Amazônia, a Economia de Francisco e Clara é um sonho que vai garantir os direitos sociais dos mais pobres, que preserve a cultura dos povos, que guarde a ecologia, as florestas, as águas e os animais como necessários para vida de todos os habitantes.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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