MANAUS – A compaixão, a colaboração e a empatia são traços humanos fundamentais que contribuem não apenas para o bem-estar individual, mas também para a sobrevivência da espécie. Compreender a diferença entre empatia e compaixão e o papel dessas emoções na evolução humana pode nos ajudar a construir um mundo melhor para todos.
Empatia é a capacidade de experienciar as emoções do outro, colocando-se em seu lugar. Estudos indicam que, ao sermos empáticos com alguém que sofre, ativamos redes cerebrais semelhantes àquelas que estão ativas no cérebro da pessoa em sofrimento. Ou seja, assimilamos as emoções da outra pessoa, vivenciando sua dor ou alegria de maneira intensa.
Por outro lado, a compaixão é a “empatia em movimento”, como explica Lucia Barros, especialista em práticas de meditação, estudiosa da Ciência da Felicidade e desenvolvedora do Método Reprogramação Geral da Presença (RGP), com o qual me identifiquei ao me dispor a fazer o curso.
“Quando ativamos a compaixão, entram em ação circuitos cerebrais relacionados à ação e ao movimento, revelando nossa disposição em atenuar o sofrimento alheio”, observa ela.
Em sua mentoria, Lúcia Barros revela que pesquisas com monges budistas demonstraram que quando praticavam meditação focada em empatia e compaixão, as áreas do cérebro ativadas eram diferentes. Enquanto a empatia ativa redes relacionadas à assimilação do sofrimento do outro, a compaixão ativa redes conhecidas por promover emoções positivas e preparar o corpo para a ação.
Os equipamentos que monitoravam a atividade cerebral dos monges mostraram que, quando identificou-se o sofrimento, mesmo eles estando em estado de imobilidade, foram ativadas áreas associadas ao movimento, sugerindo uma preparação para agir.
No estudo, os pesquisadores observaram mudanças cerebrais significativas em pessoas que começam a praticar a compaixão. Em apenas sete horas de treinamento, exames de ressonância magnética já apontam diferenças importantes no cérebro, indicando o potencial da compaixão em moldar nosso comportamento.
Essa mudança, explica Lúcia, é capaz de prever a adoção de comportamentos altruísticos, nos quais uma pessoa age em prol de outra sem esperar nada em troca.
A especialista ensina que há uma relação fundamental entre compaixão, bem-estar, saúde e felicidade. Além disso, a compaixão desempenha um papel crucial na sobrevivência da espécie humana.
Dacher Keltner, professor de psicologia da Universidade da Califórnia, afirma que os seres humanos sobreviveram graças à capacidade de cuidar dos outros e de cooperar. Nossa tendência natural à compaixão nos torna melhores colaboradores, promovendo a cooperação e a ação coletiva.
Portanto, a colaboração é um traço adaptativo essencial. Como Yuval Noah Harari argumenta em seu livro “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”, o segredo do sucesso do Homo sapiens reside na cooperação flexível em larga escala. Foi essa capacidade que nos permitiu tornar-nos “senhores do mundo”.
Trazendo para o contexto atual da crise climática, Lúcia sugere que essa colaboração se torna ainda mais urgente devido à ameaça à sobrevivência da espécie e de toda a vida na Terra. “A superação desse desafio depende da colaboração entre as pessoas em uma escala global”, defende.
Mas a compaixão não é apenas vital para a sobrevivência da espécie; ela também traz benefícios significativos em ambientes profissionais.
Promover a colaboração nas empresas aumenta a capacidade de inovação, tornando os times mais eficientes e eficazes. Essa forma de se comportar traz ganhos concretos e cria um ambiente mais saudável e produtivo para todos.
O desenvolvimento da compaixão e da colaboração é essencial para a construção de um mundo melhor. Nossa habilidade de cooperar em prol de objetivos comuns foi, e continua sendo, o traço mais importante para a sobrevivência da humanidade. Quando praticamos a compaixão, não apenas promovemos nosso bem-estar, mas também reforçamos os vínculos de cooperação que são fundamentais para a continuidade da vida humana no planeta.