A Amazônia está numa encruzilhada. Parada e sem saber seu rumo. Perdida no tempo e no espaço. Estamos olhando para uma riqueza, gritando que temos uma riqueza, mas agindo como avarentos, pois não usamos a riqueza. Não detemos os conhecimentos e as tecnologias necessárias para usar esta riqueza. Não queremos falar com quem sabe, mas deixamos quem sabe roubar esta riqueza. É um estranho modo de viver.
Tentar vigiar tudo será impossível, tanto que o problema só aumenta. Estamos com dois caminhos bem claros: um caminho de repetição do modelo atual, que trouxe destruição e roubo (da borracha ao tambaqui). Outro caminho diferente e melhor que o atual. Encontrar este caminho é uma necessidade para o país.
O I Congresso de Gestão da Amazônia que acontecerá em Manaus, organizado pela USP e UEA pretende entregar o caminho alternativo. Como fazer diferente? Espera-se que neste evento comecem a surgir a alternativa ao que temos feito hoje, que pouco ou nada tem contribuído de forma maiúscula para a economia nacional. Se não reconhecermos os acertos e erros do passado será difícil encontrar novas formas de fazer. Em minha opinião o formato de não uso da biodiversidade é o nosso maior erro e precisamos mudar a forma que vem sendo feita mais para uma liberalização do que para o aumento das regras.
Estávamos com um uso irracional dos recursos, sem respeito ao meio ambiente, com a criação da Transamazônica, destruição das florestas para pasto ou soja. Este caminho foi claramente equivocado, pois destruiu sem uma contrapartida de geração de riqueza. Esta primeira fase foi danosa sob todos os aspectos de análise.
Hoje vivemos um protecionismo arrogante, onde se prescreve nada fazer, abrindo-se espaço para o contrabando, descaminhos e desvios de toda a forma. Assim, perdemos a liderança no mercado de peixes ou produção responsável de madeira e castanhas do Brasil. É inadmissível que não percebamos o quanto o caminho atual é errado.
Precisamos evoluir o pensamento para o uso responsável, para chegar ao desenvolvimento da região. Sair do protecionismo para a proteção consciente, pois somente com a floresta de pé é que a biodiversidade existirá. Precisamos avançar para o desenvolvimento de companhias e negócios na região. Atrair o investimento de capital humano e financeiro, abrindo-se para o mundo da ciência e do capital adentrarem a floresta para produzir aqui os produtos que ajudarão o mundo em sua saúde.
Que este congresso traga esta pauta, sob uma nova ideologia do uso responsável dos recursos da região. Que os documentos aqui escritos norteiem os próximos passos desta história, que saiamos de um descaso histórico para um caminho muito melhor nesta encruzilhada em que nos encontramos.
Augusto César Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, onde é responsável pelas Coordenadorias de Infraestrutura, Transporte e Logística.
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