Durante o processo de votação da Emenda Constitucional que prorrogava os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus, parlamentares, secretários, governador e prefeito se acotovelavam nos corredores do Congresso Nacional para aparecer às lentes dos veículos de comunicação do Amazonas como defensores do modelo de desenvolvimento do Estado. Nos dias em que a PEC foi votada, no primeiro e no segundo turnos, todos fizeram questão de aparecer na foto como pais ou mães da Zona Franca. Na campanha eleitoral deste ano, ninguém esqueceu de falar nela como um pai fala orgulhoso da filha. Estavam, desde o início, em busca de voto. Onde estão os “bravos defensores” da Zona Franca de Manaus nesse momento em que a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) vem sendo sistematicamente esvaziada?
Nesta semana, o superintendente Thomaz Nogueira colocou o cargo à disposição e disse que fica, no máximo, até 31 de dezembro. Larga o cargo insatisfeito com o tratamento que vem sendo dispensado aos servidores e aos projetos da Suframa. O contingenciamento de recursos diante do volume arrecadado em impostos para o governo federal (de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões por ano, segundo Nogueira) é um insulto.
Para 2015, o orçamento da Suframa foi reduzido, o que sinaliza para um agravamento da crise.
Na Assembleia Legislativa do Estado, uma solitária manifestação do deputado José Ricardo (PT) não chegou a sensibilizar os demais parlamentares para o problema.
Não basta prorrogar a Zona Franca de Manaus por mais 50 anos. É preciso torná-la competitiva, e as condições que se apresentam não são nada favoráveis. Os discursos nos parlamentos não pode ser a estratégia para combater o problema. É necessário que todos os que buscaram os holofotes na aprovação da PEC da Zona Franca, busquem, agora, um diálogo franco e firme com o governo federal para fortalecer a Suframa e criar a infraestrutura necessária para garantir o modelo competitivo pelo pelos próximos 59 anos.