Às vésperas da celebração da Cristandade, a atriz Luana Piovani disse que estaria indo para Portugal em busca da dignidade que o brasileiro não recebe. A que se referia ela, que integra o microuniverso de um por cento dos brasileiros que se pode permitir essa escolha? Entre os 99% que ficam, precisamos debruçar-nos sobre o sentido desse valor moral. Segundo o vernáculo, dignidade é qualidade moral que infunde respeito, consciência do próprio valor, honra, autoridade e nobreza. Essa concepção, para o mundo judaico-cristão, baseia-se na certeza de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Ora, se todos nós concordamos com esse valor, qual dignidade as pessoas da favela do Bodozal – consumida pelo mais pavoroso incêndio de que se tem notícia em Manaus – conheceram em toda suas vidas? Elas viviam sob o abrigo de uma subvida, hoje estão nos abrigos públicos ou religiosos sem eira, esperança ou beira de consolo para se encostarem.
Como conversar sobre dignidade com pessoas afogadas na violência, moradia absolutamente precária, sem equipamentos de saúde básica, sem saneamento, sem água potável, sem educação, sem perspectiva? Por onde ficou o direito universal da dignidade que os recursos obtidos pelos impostos deveriam pagar e é, decididamente, negado? Ocorrida a tragédia, o Poder Público aparece para protagonizar o papel de Messias, em que ninguém mais acredita. Quem espera nunca alcança, diz o poeta. Talvez por isso, o bairro de Educandos, onde fica a favela, nunca aceitou a mudança de nome para Constantinópolis, em homenagem a Constantino Nery, cujo irmão, Silvério Nery, fez o arruamento no início do século XX.A tragédia do Bodozal precisa despertar-nos mais profundamente. Ali viviam remanescentes de nordestinos que vieram construir o II Ciclo da Borracha, imposto por Washington num esforço de guerra, que precisava de borracha nativa para seus aviões bombardeiros. Eles atenderam ao alerta, mas suas aspirações elementares de vida digna e expectativa solidária em relação ao Poder Público. Vale, entretanto, destacar o levante da solidariedade civil que mobilizou Manaus, desde que a tragédia amainou. De toda parte, iniciativas em todos os segmentos vieram em bloco, o bloco da fraternidade gratuita, e fizeram-nos sentir que temos razões de sobra para acreditar nas pessoas, na nobreza e da dignidade de seus propósitos.
Temos razões para olhar em volta e descobrir que dignidade não se constrói na demagogia das promessas, mas na partilha de sentimentos, valores e objetos de extrema necessidade, alimentação, água potável, colchão e vestuário. Cabe registrar a iniciativa da família Benchimol/Minev, que tomou as rédeas da fraternidade efetiva, com gestos rápidos e de extrema nobreza, através das Lojas Bemol, es, além de objetos domésticos, providenciou mantimentos e seus funcionários para distribuição. Não é sem razão que o Amazonas tem orgulho dessa Organização, fundada pelos filhos de Isaac Benchimol, Samuel, Israel e Saul Benchimol, que vieram de Marrocos na expectativa da Amazônia como a Nova Terra Prometida. A eles, devemos a determinação, o compromisso e a seriedade no trato das atividades econômicas que construíram e o tratamento “vip” dedicado a todos os seus clientes, o foco central de toda sua trajetória.
Não há dúvidas de que a saga dos Benchimol/Minev é uma resposta objetiva para essa questão fundamental a que todos temos de responder: afinal, o que é isso? Dignidade?
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Ai eu vejo cinseridade no ser humano resolve os problemas com rapidez sem burocracia um ministro do stf demora de duas a quatro horas pra dar um voto sim ou não eu fico triste com a piovane pra mim não é ninguém
Quem tem preocupa-se com o seu umbigo em volta existem sombras.
Dignidade é usufruir do dinheiro do contribuinte que não usufrui de uma carga tributária absurda. Dignidade é receber um salário de terceiro mundo e ser explorado vergonhosamente aos bens de consumo? Este País é um barco que está á deriva em uma tempestade.
As vezes em nossa caminhada diária, nos deparamos com os chamados seres invisiveis da sociedade, um sociedade que se julga no direito não querer ver qualquer necessitado, qualquer um que esteja abaixo de seu padrão. Eu vivo sempre atento a isso pois sei que atrás de cada ser necessitado, existe uma estória, existe um porque de sua situação estar como está.
Cheguei a conclusão que se cada um procurasse fazer o que é possível, dentro de sua realidade, a esses necessitados, poderíamos demonstrar a eles que sua vida pode mudar, que tenham em Deus e acreditem e assim não só eles ganhariam em termos digna de de vida mas nós também com um coração leve com uma sensação que só quem ajudar o semelhante sente, a sensação do dever cumprido e a de paz interior. Me dêsculpe se sai de se tema mas senti vontade de escrever isso.