BRASÍLIA – As escolas públicas que atendem os estudantes mais pobres do País têm uma média 7% menor no Enem 2014 comparada a nota geral das redes estatais. Essas unidades são as que têm alunos com nível socioeconômico muito baixo ou baixo na classificação pelo governo. Das 770 escolas nessas condições, 27% não alcançaram a média mínima para o aluno ter acesso ao Financiamento Estudantil (Fies).
Com as novas regras do programa federal de financiamento, que passaram a valer neste ano, apenas estudantes que conseguirem média de 450 pontos nas quatro áreas da prova objetiva poderão concorrer a uma das vagas do Fies. O programa é voltado para estudantes carentes e vindos de escolas públicas que não podem pagar as mensalidades em instituições particulares de ensino superior.
Na lista das escolas públicas com alunos mais pobres, 210 não conseguiram superar a média de 450 pontos. A maioria (71%) teve nota entre 450 e 500 pontos. Somente 13 escolas (2% desse grupo) superaram os 501 pontos. Se considerarmos a média da rede particular (557,98 pontos), nenhuma fica acima.
Os números mostram que essas escolas registraram uma média de 458,92 na parte objetiva da prova. A rede pública como um todo atingiu 490,99.
A partir de informações de renda indireta, como bens materiais, e a escolaridade dos pais dos alunos que fizeram o Enem, o Inep chegou a sete níveis socioeconômicos que variam entre muito baixo e muito alto.
Qualidade
A nota mínima no Enem para o Fies foi adotada pelo governo com o objetivo de melhorar a qualidade dos alunos. Mas o critério pode atingir os mais pobres, público prioritário do programa. Várias pesquisas indicam de que o nível socioeconômico do aluno, e não só a escola, é um fator preponderante no sucesso escolar.
Para a diretora do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a exigência de nota mínima pode elevar o desempenho desses estudantes. “É importante ter algo que puxe a nota dos alunos, que eles vejam como desafio atingir essa nota.”
Ela diz acreditar que unidades que não atingem a nota de corte do Fies devem ter apoio técnico e financeiro dos governos federal e estaduais. “Estas escolas estão negando, de certa forma, o acesso desses alunos ao ensino superior. E esse aluno, que é pobre, vai depender do Fies para ser admitido em alguma instituição.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)