Por Rosiene Carvalho, da Redação
Mais de 65% dos candidatos à reeleição ou candidatos apoiados pelos prefeitos em exercício no interior do Estado do Amazonas saíram derrotados nas urnas nas Eleições 2016. Dos 33 prefeitos que concorreram à reeleição, apenas nove conseguiram se reeleger, sendo que pelo menos dois deles ainda estão na corda bamba para assumir a prefeitura porque os candidatos mais votados no pleito concorreram com registro sub judice (ainda não julgados). Os outros 24 foram derrotados nas urnas.
Dezesseis candidatos que contavam com o apoio do político que comandava a máquina não foram escolhidos pela população dos municípios. O PSD do senador Omar Aziz, que foi o terceiro partido com maior número de prefeitos eleitos, foi a sigla que teve o maior número de prefeitos não reeleitos.
Para o presidente da AAM (Associação Amazonense dos Municípios), João Campêlo (Pros), que está no segundo mandato em Itamarati e elegeu o seu apoiado neste pleito, nas eleições anteriores os candidatos apoiados por quem estava na máquina levavam maior vantagem. Mas, com a crise econômica, a situação financeira dos municípios do interior, que dependem de repasses do Governo do Estado e União, se agravou e os prefeitos pagaram o pato.
“Ocorreu nesta eleição um fato inédito: antes da crise econômica 70%, 80% dos prefeitos que tinham direito a concorrer no pleito se reelegiam, em todo País. A máquina sempre favoreceu a reeleição dos prefeitos. Nesta eleição, 54% dos prefeitos que tinham direito nem saíram candidatos”, afirmou João Campêlo.
O presidente da AAM afirmou que muitos prefeitos tiveram que cortar despesas municipais e ver serviços, anteriormente garantidos com recursos estaduais e federais, definharem no interior. “No interior, a economia depende muito desse tipo de recurso. Sem ele, o comércio não vende, porque as pessoas não têm dinheiro para comprar. A produção rural não tem saída também e as pessoas pioram em condições de vida. Muitos prefeitos tiveram que desacelerar, fazer demissões, atrasar salário, isso aconteceu no País todo”, explicou.
João Campêlo citou como exemplo cortes no Bolsa Família e no Seguro Defeso que, segundo a Comissão de Agricultura e Pesca da ALE-AM fez com que R$ 280 milhões deixassem de circular no interior do Estado só com o não pagamento aos pescadores.
Campêlo afirmou que Itamarati, município que ele governa há quase oito anos, perdeu nos últimos dois anos R$ 7 milhões em repasses da União e do Estado. “Esse valor para um município do tamanho do meu é muito alto. Faz muita falta para a gestão pública porque diminui a circulação de dinheiro que gera renda, que movimenta o comércio, etc. Tudo isso vai engessando os prefeitos “, afirmou.
No ano eleitoral de 2014, de acordo com apuração do AMAZONAS ATUAL o Governo do Estado ampliou em 275% o valor de convênios com prefeituras do interior. Estavam em disputa os cargos de governador, senador, deputados estaduais e federais. Neste ano, o arrocho em todos os tipos de despesas ainda não terminou.
“Tem prefeitura que ainda não recebeu repasse de 2014. Não é o caso de Itamarati, mas têm alguns municípios que ainda não receberam. Não estou aqui fazendo queixas. Sei que isso é resultado da crise econômica que implicou no fato de travar e colocar pendentes os convênios”, disse o prefeito.
João Campêlo afirmou que no senso comum essas informações não convencem. E, segundo ele, a percepção da população é que tudo de ruim que ocorre na vida das pessoas nos municípios é culpa do prefeito.
Ele ressalta que em capitais prefeitos em exercício conseguem com mais êxito tirar a responsabilidade da crise de seus ombros porque a população tem outros instrumentos de comunicação à sua disposição. No interior, é mais difícil administrar esse tipo de questão.
“O prefeito do interior é culpado de tudo. Não existe essa história de que aquilo é culpa do Estado ou do governo federal. Tudo é o gestor municipal. A população entende dessa forma e é difícil mudar essa cultura. Neste sentido, fazer campanha na oposição é mais fácil porque é só bater e fazer promessa”, disse.
Municípios em que os prefeitos não se reelegeram
Autazes, Benjamin Constant, Beruri, Boa Vista do Ramos, Boca do Acre, Borba, Caapiranga, Careiro, Coari, Fonte Boa, Ipixuna, Iranduba, Itacoatiara, Jutaí, Manacapuru, Maués, Nova Olinda do Norte, Novo Airão, Novo Aripuanã, São Gabriel da Cachoeira, São Sebastião do Uatumã, Silves, Presidente Figueiredo e Urucará.
Municípios em que candidatos apoiados pelo prefeito em exercício na coligação foram derrotados
Alvarães, Amaturá, Anamã, Anori, Barcelos, Barreirinha, Eirunepé, Itapiranga, Juruá, Manaquiri, São Paulo de Olivença, Tabatinga, Tapauá, Tefé, Uarini, Urucurituba.
Melo eleva em 275% valor de convênios com prefeituras do interior
Em Itapiranga o candidato derrotado Adalberto Tatikawa não tinha apoio do atual prefeito como diz no texto a cima.
Adalberto entrou agora na política, vinha representando a renovação.
[JAPPA ASSESSORIA]