Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – O senador e candidato ao Governo do Estado do Amazonas Eduardo Braga (PMDB) evitou, nesta segunda-feira, 19, pela segunda vez, falar no vice-prefeito de Manaus Marcos Rotta (PMDB).
Rotta foi indicado em 2016 para vice na chapa de Arthur Neto por uma articulação que uniu naquele pleito os dois adversários históricos: Braga e Arthur.
A pergunta foi feita a Braga pelo ATUAL sobre o que ele pensava a respeito do convite que Rotta recebeu do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) para deixar o PMDB e se filiar ao PSDB.
Arthur fez o convite a seu vice numa postagem em sua conta no Facebook em que disse que, se dependesse dele, Rotta era candidato ao Governo nesta eleição.
Ao ser questionado sobre a postura de Arthur Neto e se já havia conversado com Rotta, Braga respondeu: “Não vou comentar este assunto”.
Braga também evitou o assunto na coletiva que concedeu à imprensa na sexta-feira, 16, durante a convenção partidária. Na ocasião, o ATUAL perguntou sobre a ausência de Rotta na convenção e se o mesmo participaria de outros atos de campanha. Braga disse que compreendia a situação do vice-prefeito.
“Nós somos um grupo muito democrático. Eu compreendo que o Marcos é vice-prefeito da cidade de Manaus, antes de ser, ou talvez depois de ser filiado ao PMDB. Eu respeitarei a posição que ele adotar”, disse.
Na sequência foi perguntado se já havia conversado com o vice-prefeito após a ruptura com o PSDB e respondeu apenas: “Não”.
Interlocutores de Braga contam como certo desembarque de Rotta do PMDB e filiação dele ao PSDB. Consideram que Rotta iniciou o afastamento de Braga e aproximação e fidelidade a Arthur há “algum tempo”. Estes mesmos interlocutores afirmam que o assunto é “antipático” e irrita Braga porque simboliza a segunda traição dele ao apoiar uma candidatura vencedora nas urnas.
A primeira foi em 2010 quando a indicação de José Melo, então filiado ao PMDB e considerado pelo MPE “bajulador mor” de Braga, seria a garantia que a dupla Omar e Melo apoiaria sua volta ao Governo em 2014. Naquele ano, Melo se desfiliou do PMDB e com o apoio de Omar se candidatou e venceu a eleição.
Em 2016, a indicação de Rotta na chapa de Arthur seria a forma de garantir que a dupla o apoiaria na próxima eleição ao Governo, o que mais uma vez não ocorreu.
Financiamento de campanha
Na entrevista após o registro, Braga afirmou que esta será uma campanha com baixos recursos e bancada praticamente com o Fundo Partidário. Para financiar a campanha Braga e Marcelo ao Governo do Estado, o senador disse contar com repasses da Executiva Nacional do PMDB e PR.
Para o senador, a postura crítica em relação à reforma trabalhista proposta pelo presidente Michel Temer não representarão para ele dificuldade de acesso ao fundo partidário do PMDB. Braga afirmou não ser contra reformas e sim contra a fragilização do direito do trabalhador. “Espero que o meu partido, o PMDB tenha consciência de que este é o meu dever como senador para com as mais de 1, 2 milhão de pessoas que votaram em mim”, disse.
Braga disse que a convenção foi realizada com recursos repassados pelo PMDB e que em função desta postura acredita que a campanha terá o mesmo apoio. “Pelo comportamento que o PMDB teve comigo agora na convenção, que mandou recursos, acredito que tanto o PMDB e PR não faltarão com sua contribuição e seu apoio para chapa Eduardo e Marcelo”, disse.
O candidato ao Governo disse que quem conhece a realidade do trabalhador no Amazonas não pode ser a favor de exageros na reforma trabalhista e por isso votará contra a mesma.
“Minha posição é em favor do trabalhador e dos cidadãos. Veja um pescador, pela nova proposta, teria que pagar 25 anos a previdência. O defeso impede ele de trabalhar metade do ano. Isso significa dizer que ele deverá contribuir por 50 anos para poder se aposentar (…) Um trabalhador do Distrito Industrial ter meia-hora para almoçar é algo praticamente impossível. Para deslocar da linha de produção e ter acesso ao bandejão dá muito mais que meia hora. Existem exageros. Não sou contra reformas, sou contra a fragilização do direito do trabalhador”, disse.