Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Os senadores do Amazonas Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB) afirmaram que o decreto do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) que reduziu em 25% o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) não é o primeiro ataque à Zona Franca de Manaus. O senador Plínio Valério (PSDB) criticou a decisão do governo federal e defendeu que é preciso buscar alternativas econômicas.
A medida foi publicada nesta sexta-feira (25) em edição extra do DOU (Diário Oficial da União). Os parlamentares se manifestaram contra o decreto em vídeos nas redes sociais.
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Omar Aziz criticou a gestão econômica do governo de Bolsonaro. “Já tentaram várias vezes acabar com a Zona Franca de Manaus e não conseguiram. Não vai ser você, presidente Bolsonaro, com a sua equipe econômica incompetente, que não consegue resolver o problema do povo brasileiro, que vai acabar com o emprego e trazer fome”, declarou.
Eduardo Braga classificou a redução do imposto como um “ataque praticamente mortal aos trabalhadores e às empresas” e pediu união. “Nós já enfrentamos adversários como esse e sobrevivemos. E se Deus quiser, vamos sobreviver novamente”, disse.
Plínio Valério informou que neste fim de semana os oito deputados federais e os três senadores da bancada amazonense se reunirão com a Sefaz (Secretaria do Estado da Fazenda do Amazonas), Cieam (Centro da Indústria do Amazonas) e Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas).
A ideia, segundo Plínio, é definir uma alternativa técnica para apresentar ao governo federal e, após isso, tomar uma decisão política. O senador avalia que o decreto de redução do IPI é um sinal de que o Amazonas precisa buscar alternativas econômicas.
“Mas isso quer dizer o que, para nós amazonenses? Que nós temos que imediatamente criar matrizes para incluir na Zona Franca, nós não podemos viver exclusivamente da Zona Franca. Porque vai ser assim, sempre na lâmina da navalha. Mas temos o nosso. Nós, a classe política, vamos lutar por isso mais uma vez. Mas o governo federal está sendo ruim com a gente”, disse.
Prejuízos
Omar Aziz considera que a redução do imposto “decreta a morte da Zona Franca de Manaus”.
“[…] com a redução linear de 25% do IPI para todos os produtos tira a nossa competitividade, tira empresas do Amazonas, cria uma instabilidade muito grande jurídica e tenha a certeza absoluta que ninguém vai se instalar mais na cidade de Manaus para botar uma indústria e gerar emprego e renda para o povo amazonense”, disse.
Plínio corrobora a avaliação. “Isso prejudica muito sim a Zona Franca de Manaus, que vive praticamente da isenção do IPI. Ou seja, os produtos fabricados aqui, industrializados na Zona Franca perderão a competitividade”.
Para Eduardo Braga “a partir de agora o governo do presidente Bolsonaro assume uma posição contra a Zona Franca e contra os trabalhadores do Amazonas”.
“Os produtores de motocicleta, de televisão, bens de informática, todos serão gravemente penalizados”, disse.
Promessas
Omar classificou como “conversa da boca para fora” as promessas de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, de defender o Polo Industrial em Manaus. “A Zona Franca de Manaus era uma garantia da proteção das florestas. Hoje, o presidente Bolsonaro, junto com a equipe econômica do seu governo inicia a derrocada, a morte da Zona Franca de Manaus”, afirmou.
Para Plínio, a publicação do decreto nesta sexta-feira (25) surpreendeu a todos. “Mais uma vez e eu sei que não vai ser a última, o governo federal nos pega de surpresa, porque edita um decreto em pleno Carnaval, isentando o IPI sobre produtos importados em 25%”, pontuou.