Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – A ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas) recebeu quatro pedidos de impeachment contra o governador Wilson Lima e o vice-governador Carlos Almeida Filho por crimes de responsabilidade e de improbidade administrativa.
Entre os deputados, no entanto, há pouca expectativa de que algum dos pedidos de impeachment prospere. O presidente da ALE, Josué Neto (PRTB) disse que está aguardando parecer da Procuradoria Jurídica da Casa sobre a admissibilidade dos pedidos e só então se manifestará sobre eles. “Não há prazo”, disse.
O primeiro foi apresentado no dia 22 de abril pelo Simeam (Sindicato dos Médicos do Amazonas) e aponta o cometimento de pedaladas fiscais, crimes contra a guarda e legal emprego do dinheiro público e atos de improbidade administrativa.
Entre os fatos narrados estão o colapso no sistema de saúde do Amazonas, com falta de leitos clínicos e de UTI, e o aumento do número de mortes por Covid-19, incluindo três médicos, e o aluguel de imóvel do grupo Nilton Lins por R$ 2,6 milhões.
Os médicos citam o patrocínio de R$ 1 milhão a um programa de TV local, o aumento de até 465% da remuneração de servidores do alto escalão e o pagamento de R$ 736 milhões de dívidas de gestões anteriores em período “absolutamente delicado”.
O sindicato sustenta que o pedido de impeachment é uma medida para evitar a intervenção federal. “A atual gestão do Governo do Amazonas se mostrou ser inteiramente inapta a gerenciar e aplicar as verbas públicas de forma devida”, diz o pedido do Simeam.
O segundo e o terceiro pedido de impeachment, apresentados no dia 27 de abril, foram assinados pelos médicos Mário Vianna e Patrícia Sicchar e alcançam, respectivamente, o vice-governador Carlos Almeida Filho e o governador Wilson Lima. Os argumentos dos médicos são os mesmos apresentados pelo sindicato.
O quarto pedido de impedimento contra Lima e Almeida Filho é assinado por William Bitar Barroso dos Santos, que se identifica como coordenador do Movimento Independente do Amazonas e coordenador Regional do Movimento Conservador.
William Santos cita os decretos estaduais que fecharam o comércio não essencial e que proibiram o transporte fluvial de passageiros no estado e o descumprimento de decisão judicial que determinou medidas para ampliação de leitos clínicos e de UTI.
“Com base no Decreto Estadual nº 42.099, de 21 de março de 2020, o governador Wilson Miranda Lima de forma irresponsável estrangulou a economia do Estado do Amazonas”, diz trecho da denúncia apresentada aos deputados estaduais.
O coordenador do Movimento Independente do Amazonas também cita o aluguel de imóvel do Nilton Lins e “as compras superfaturadas de respiradores”, considerados inadequados pelo CRM (Conselho Regional de Medicina), por R$ 2,9 milhões.
A reportagem solicitou informações do Governo do Amazonas, mas até o fechamento desta matéria nenhuma resposta foi enviada.