Por Fábio Zanini, da Folhapress
SÃO PAULO – A divisão dos partidos da base de sustentação do presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quarta-feira (6) na votação do requerimento de urgência do PL das Fake News gerou críticas entre seus aliados. Só o PL votou em bloco contra a proposta.
O PP liberou a bancada e o Republicanos, que orientou a favor, tem sido acusado de ingratidão. A urgência foi rejeitada por 249 a 207 – precisava de pelo menos 257 votos para ser aprovada. No Republicanos, foram 29 votos a favor, 10 contrários e duas ausências.
Bolsonaristas estão acusando o presidente da legenda, Marcos Pereira, de ingratidão. Lembram que após manifestações públicas de insatisfação com Bolsonaro na janela partidária, acabou filiando dois dos principais ministros do governo: Tarcísio de Freitas, que disputará o governo de São Paulo, e Damares Alves que pode concorrer ao Senado pelo Distrito Federal.
Lideranças do partido, no entanto, argumentam que o Palácio do Planalto foi informado do posicionamento da legenda para atender a um pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Seus deputados, no entanto, não teriam nenhum compromisso com o mérito do projeto, que preocupa o governo.
O PL votou massivamente contra a proposta: 71 contrários e seis deputados não votaram, o que contribuiu para a derrubada. Já o PP liberou sua bancada para se posicionar como preferisse. Entregou 16 votos a favor da urgência, 26 contrários, uma abstenção e oito ausências.
O presidente Jair Bolsonaro é contrário à regulamentação das fake news. Seus aliados temem que a normatização possa prejudicá-los. Parte deles já responde ao inquérito das milícias digitais no Supremo Tribunal Federal (STF). O próprio presidente responde por ter associado as vacinas contra o coronavírus à Aids.
Com a rejeição do requerimento de urgência, o PL das Fake News terá agora de ser aprovado pelas comissões temáticas da Câmara, o que retarda a tramitação. Especialistas já consideravam improvável sua aprovação a tempo de valer para as eleições deste ano.