Um dos grandes problemas de nosso tempo é a dimensão da escala de viciamento humano, em especial a viciação química ou drogadição.
A viciação humana, sobretudo a viciação química com drogas lícitas e ilícitas, prolifera epidemicamente talvez como nunca antes tenha ocorrido no planeta. A economia do vício químico é operada como uma grande cadeia produtiva geradora de volumosos “lucros”, articulada em dimensão regional, nacional e global, num contexto de enfraquecimento da eficácia do controle social dos vícios pelas instituições tradicionais – família, escola, comunidade e igreja. Com isso, a economia do viciamento humano impacta nocivamente a vida em sociedade, principalmente a de adolescentes e de jovens vitimados aos milhões anualmente não apenas enquanto viciados, mas também por conta de violentas disputas por mercado e território entre gangues, no necessário combate ao crime de tráfico de drogas pelas forças policiais e na desfiguração humana promovida nos viciados ambientes prisionais dos sistemas carcerários vigentes na maioria dos países.
Embora existam muitos tipos de viciamento humano, o de mais evidente expansão e dependência tem sido o vício químico, vitimando principalmente a adolescentes e jovens em toda parte do mundo. Muitos ingressam no crime de tráfico de drogas ou de associação ao mesmo para patrocinar o próprio vício e acabam sendo usados pelos “empresários” da economia do vício químico em favor de interesses delinqüentes. Corpos e mentes humanas jovens a serviço da economia do crime e da indústria da violência e da criminalidade organizada.
Vício, do latim “vittium” que significa falha ou defeito, é a tendência ao erro ou ao mal que resulta do hábito de exagerar, exceder, exacerbar, podendo de chegar ao ponto de ficar dependente e sem autocontrole em relação a um objeto. Essa dependência pode ser de natureza química, comportamental ou psicológica por causa da insuficiente capacidade de autodomínio do indivíduo diante do objeto que alimenta o vício. Na falta de equilíbrio, qualquer coisa pode fazer mal e sujeitar o indivíduo ao vício e à dependência, o que pode levar a desdobramentos clínicos e criminógenos, impactando sobremaneira os indicadores de criminalidade. Em que pese a sensação de prazer imediato que em regra produz, o viciamento humano afeta negativamente a qualidade da cognição e do discernimento do viciado. E isso contribui sobremaneira para o processo de dependência do objeto do vício e de degradação humana individual e coletiva, produzindo efeitos altamente nocivos à qualidade de vida.
O viciamento humano, em regra, é induzido por pensamentos fomentados por certa carga de informação. A informação está no “DNA” do viciamento humano, pois é o pensamento induzido que serve de causa à materialização do vício. A vontade de fumar ou de beber álcool, de trair a companheira ou de consumir substâncias químicas, dentre outras, tem origem no pensamento induzido por certas informações. A vontade individual tem origem nos pensamentos. Prevenir-se desses pensamentos e de certas informações pode evitar que determinados vícios se materializem, possibilitando a eliminação de maus hábitos ou de reiteradas práticas viciantes.
Por essas razões, é essencial desenvolver ações, trabalhos de esclarecimento e instituições que atuem preventivamente, ao lado das intervenções policiais de caráter repressivo, no processo de formação de crianças, adolescentes e jovens adultos com vistas a conter a expansão do viciamento humano e da drogadição. Evitar o vício continua sendo a solução mais barata e eficaz para proteger a sociedade do viciamento humano.
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