Por Iolanda Ventura, do ATUAL
MANAUS – O viaduto Professora Isabel Victoria – o viaduto do Manôa – zona norte de Manaus, já passou por pelo menos sete intervenções e esteve 175 dias em manutenção desde que foi inaugurado às pressas, considerando todas as vezes que foi interditado para reparos.
A obra foi executada e entregue na gestão do ex-prefeito Arthur Virgílio Neto em 31 de dezembro de 2020, último dia do gestor no cargo. Menos de 24 horas após a inauguração, foi fechada no dia 1º de janeiro de 2021, quando o atual prefeito, David Almeida, assumiu o cargo.
Nessa primeira interdição, o viaduto ficou sem uso por cinco meses. Laudo do Crea-AM (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas) elencou uma série de falhas de infraestrutura da obra.
A análise mostrou que, no levantamento topográfico, as cabeceiras de acesso ao viaduto estavam com uma inclinação muito acentuada e fora dos padrões recomendados pela engenharia civil. Além disso, as questões estruturais relativas às juntas de concretagem e dilatação também deviam ser executadas o quanto antes, pois apresentavam falhas.
Somente em 31 de maio de 2021, o viaduto foi liberado para o tráfego.
O engenheiro civil Robson Ferreira integrou o Grupo de Trabalho de Obras Públicas do Crea-AM que atuou na fiscalização do viaduto na época. Ele afirma que foram indicadas diversas falhas, desde a concepção do projeto até aspectos construtivos, principalmente no que se refere às inclinações das alças de acesso e das pistas.
“Essas inclinações foram executadas fora das normas técnicas e ocasionaram a necessidade de recomposição do concreto de parte das vias, em cima do viaduto. É essa camada que vem apresentando diversos problemas, requerendo manutenção constante”, explica.
O engenheiro afirma que no relatório, o Grupo de Trabalho do Crea apontou que, devido às falhas construtivas e a necessidade de recuperação, a vida útil do pavimento do viaduto seria reduzida. “É o que está se verificando agora: constantes manutenções nas vias, algo que deve acontecer com frequência”, diz.
De acordo com o engenheiro, o relatório não tratou sobre problemas estruturais. “Ele apontou que o projeto teve falhas geométricas, a execução teve falhas e o resultado seria a necessidade de constantes manutenções no equipamento urbano. Isso teria sido evitado se o projeto seguisse as normas técnicas do Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes], por exemplo, além de melhor fiscalização por parte da municipalidade”, afirma Ferreira.
Em 2022, o viaduto precisou de mais quatro intervenções. Duas ocorreram em março, de três dias cada, para manutenção das juntas de dilatação da estrutura. As outras duas intervenções de 2022 ocorreram em abril (por três dias) e julho ( por quatro dias), para continuidade aos trabalhos nas juntas de dilatação.
Neste ano, em pouco mais de dois meses, já foram realizadas duas interdições. Uma ocorreu em fevereiro (com duração de cinco dias) e a última, mais recente, começou na quinta-feira (9) com previsão de término na terça-feira (14). As duas manutenções ocorreram para tapar buracos na pista de concreto.
A obra de R$ 47,1 milhões foi executada pelo consórcio formado pelas empresas J Nasser Engenharia e Construtora Soma.
Consultada pelo ATUAL, a Seminf (Secretaria Municipal de Infraestrutura) informou que todas as obras no complexo viário, desde a inauguração, em 2020, são custeadas pelo consórcio vencedor e executor do serviço, sem custos para os cofres públicos, uma vez que os reparos estão dentro da garantia de cinco anos.