MANAUS – O líder do prefeito Artur Neto (PSDB), na CMM (Câmara Municipal de Manaus), vereador Elias Emanuel (PSDB), disse que não “reza” pela cartilha dos empresários, mas defendeu o segmento que solicitou na Justiça do Amazonas, o reajuste da tarifa do transporte coletivo de 12,37% que aumenta de R$ 3 para R$ 3,55, o preço da passagem de ônibus. Elias culpou o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) pelo aumento da tarifa, energia elétrica e combustível que contribuem para o aumento da inflação no País.
“Eu não vou fugir da pauta do dia, o posicionamento do prefeito Artur Neto é o mesmo. Se ele quisesse reajustar a tarifa seria dele o decreto reajustando. O prefeito entende a situação calamitosa que vive a população. Vejam o caos econômico que vive essa nação. Hoje não temos governo, mas um grupo que luta contra o impeachment para se manter no poder. Não estou defendendo os empresários, apesar de saber que aumentou a energia elétrica, o combustível, o pneu…”, questionou.
Elias Emanuel disse que a Prefeitura está reunida para impedir que esse reajuste se torne realidade e que está avaliando a decisão do desembargador (Ari Moutinho) e indo a Justiça para recorrer da decisão.
“O que a prefeitura quer dos empresários, é que ela tenha o tempo necessário para que o seu recurso seja analisado e julgado pelo Tribunal de Justiça, para depois, sim, definir se a decisão do desembargador vai se manter. A prefeitura está do lado da população de Manaus. Essa é a posição do prefeito e não temos nada a dever e nem medo dessa discussão”, disse o vereador. “O prefeito não foi oportunista como a maioria de prefeitos de outras capitais que aumentaram a tarifa no ano passado para não enfrentar essa discussão em ano eleitoral. Ele foi a público e disse que não haveria aumento de tarifa e está mantendo a sua posição”, enfatizou Emanuel.
O vereador Álvaro Campelo (PP) também usou a tribuna na Casa para questionar o aumento. Ele disse que numa cidade onde o Distrito Industrial demite todos os dias centenas de trabalhadores, aceitar que a tarifa de ônibus seja reajustada nesse momento é inviável. “Esse aumento impacta diretamente as pessoas que mais precisam do sistema do transporte e estão passando por problemas financeiros, com dificuldades até para colocar alimentos em sua mesa e por isso, não podemos concordar que o reajuste aconteça. Hoje às 17h vamos ter uma reunião na sede da Defensoria Pública para tratar dessa questão. Mas, soube que a prefeitura irá recorrer e deve se reunir com os empresários para evitar que isso aconteça. O reajuste de R$ 3,54 é injusto nesse momento”, disse Campelo.
Já o vereador Joãozinho Miranda (PTN) defendeu a postura do prefeito Artur Neto que segundo ele, assim que soube da decisão do desembargador Ary Moutinho, chamou o Sinetram (Sindicato das Empresas de transporte de Passageiros do Estado do Amazonas) para uma conversa para “segurar” o aumento do preço da passagem. “Acredito que o prefeito dentro da sua boa vontade vai chegar a um consenso para não permitir que ocorra esse reajuste num momento de crise política e econômica. Principalmente essa crise moral que tem causado desemprego em nosso país. Sabemos que temos a necessidade do reajuste por conta do aumento dos salários dos rodoviários, mas com certeza haverá um consenso e esse valor irá se manter”, disse.
Roberto Sabino (Pros) avaliou que a população está desempregada. Ele disse que essa semana, mais mil funcionários do PIM (Polo Industrial de Manaus) foram demitidos. “A gasolina e o diesel são caros, as peças de veículos são caras e as empresas têm que pagar os seus funcionários. O problema é que todos nós temos que entrar nesse sacrifício e as empresas também. A crise de agrava cada dia mais e estamos encurralados”, avaliou.
A vereadora Socorro Sampaio (PP) comparou o preço da tarifa que com o reajuste pode chegar a R$ 3,54 ao recurso que uma família pode usar diariamente para comprar alimentos. “Esse reajuste de quase R$ 4 é o valor que uma família usa diariamente para comprar pão, ovos, enlatados, para alimentar a sua família, porque tem muita gente que não come filé, come carne de segunda. E a gente fica pensando coitado dos empresários. E o povo? Coitado do povo. Porque muita gente sobrevive com um salário mínimo. Eu gostaria de estar presente nessa reunião com o Sinetram porque somos os representantes do povo e, portanto, cobrados aqui. Vamos ter que engolir esse reajuste? No que foi que os ônibus melhoraram? ”, questionou a parlamentar do Partido Progressista.
Numa manhã atípica, o vereador da oposição, professor Bibiano (PT) parabenizou o prefeito Artur Neto pela iniciativa de tentar impedir o reajuste da tarifa. “É interessante que os empresários recorrem ao contrato para pedir o reajuste da tarifa e não cumprem o contrato para cumprir as suas responsabilidades e não respeitam aquilo que assinaram. Qual é a situação dos ônibus de Manaus? São verdadeiras carroças pelo serviço que prestam a nossa cidade. Neste domingo, 10, verifiquei três ônibus em pane e a população na chuva esperando outro veículo. Agora os empresários querem ser respeitados, justificam o aumento da tarifa e a Justiça concede”, enfatizou o petista.
A pastora Luciana (PP) também usou a tribuna para protestar contra o reajuste da tarifa. “Como representante do povo não poderia deixar de me pronunciar contra esse aumento abusivo. Hoje o pai de família, os jovens, as crianças têm um transporte caótico. Estou revoltada e ao mesmo tempo agradecendo o posicionamento da prefeitura de não concordar com esse aumento. Quando o passageiro pagar com quatro reais, os 46 centavos vai ficar para quem? Estou com náuseas com essa falta de respeito com o cidadão manauara”, disse.
Já o líder do PT na CMM, Waldemir José disse que esse reajuste só acontece em Manaus porque nem a prefeitura e a Câmara Municipal não sabem a planilha dos empresários que justificasse o aumento. “A prefeitura não faz auditória sobre essa conta dos empresários. No primeiro ano do prefeito Artur Neto eu falei da necessidade de uma auditoria no transporte coletivo. Ele disse que iria fazer essa comissão envolvendo vereadores, sociedade civil e empresários para verificar qual o preço real da tarifa. Três anos depois nada aconteceu nesse sentido”, criticou.