Por Daisy Melo, da Redação
MANAUS – Após ter o microfone desligado quando estava na tribuna da CMM (Câmara Municipal de Manaus), na manhã desta terça-feira, 30, a vereadora Joana D’Arc (PR) disse que teve seu direto parlamentar cerceado. D’Arc culpou o presidente da Casa, Wilker Barreto (PHS). Segundo ela, Barreto “trata os parlamentares de forma desigual e com mão de ferro”. Barreto disse que a vereadora está se vitimizando e criando um episódio político para alegar que o direito das mulheres de se pronunciarem no parlamento está sendo cerceado.
“Ele (Wilker) trata os vereadores de forma desigual, se não são da base do prefeito, com o coronel Gilvandro (Mota – PTC) também, vem com a mão de ferro dele, com leve tons de ameaça, que pode acionar a Comissão de Ética, a palavra cerceada, trabalhar aqui fica complicado”, afirmou a vereadora. Segundo Joana D’Arc, ela se sente perseguida. “Isso foi o estopim, a Comissão de Ética já veio atrás de mim, sempre que me posiciono, isso incomoda, sofro perseguição, ameaça de que irão me enquadrar por quebra de decoro”, afirmou.
O presidente da CMM afirmou que a vereadora quer transformar o episódio em questão de gênero. “A questão de dizer ‘Ai, coitada, eu sou mulher, não tô falando’. Isso é brincadeira! Eles querem criar um episódio político para se promover, para dizer que as mulheres estão sendo cerceadas em seus direitos no parlamento. Se eu fizesse cerceamento eu não teria sido reeleito”, afirmou.
Barreto afirmou, ainda, que terá um posicionamento forte em relação aos vereadores. “A câmara vem perdendo um pouco do decoro, falta de entendimento do regimento interno e respeito para com os seus pares. Pode fazer oposição, mas tem que respeitar o contraditório. Os vereadores sabem que eu sou benevolente, mas não posso perder controle (…). Eu não vou cercear a discussão, mas eu não posso perder o controle. Quer fazer B.O porque eu cumpri o regimento? Eu sou uma pessoa pública. Existe denúncia caluniosa!”, afirmou.
Episódio
O embate entre a vereador e o presidente da CMM, nesta terça-feira, 30, começou após Joana defender a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a concessionário de água e esgoto da cidade de Manaus. “Rechacei uma declaração da Glória Carrate (PRP) de que CPI sempre acaba em pizza; eu disse que se era assim, era por incompetência da Casa, me coloquei no bolo”.
Segundo a vereadora, após sua declaração, o presidente da Casa foi “pressionado” por alguns vereadores, que afirmaram se sentir incomodados e alegaram que eu estava expondo Câmara. “Ele (Wilker) não queria deixar eu subir na tribuna e que eu só poderia falar por dois minutos, mas eu questionei que ele havia dito que eu teria três minutos, nesse momento ele mandou desligar o microfone e encerrou a sessão; me deixou lá sozinha. Alguns vereadores saíram gargalhando”, disse. Joana D’Arc afirmou que se sentiu constrangida. “Foi atitude desrespeitosa, antiética, demostra que ele não respeita mulher e os vereadores”, disse.
Barreto afirma que, ao contrário do que alega a vereadora, ela estava sendo “benevolente”. “O regimento diz que é dois minutos, ela poderia pedir benevolência da mesa por mais uns minutos, mas começou a dizer qual era o tempo que ela ia falar, aí a sessão foi encerrada, eu já estava quebrando o regimento por permitir a questão de ordem em pronunciamento”, argumentou.
Joana D’Arc disse que, após o caso, recebeu apoio dos vereadores Chico Preto (PMN); coronel Gilvandro Mota; Sassá da Construção (PT), Plínio Valério (PSDB); Hiram Nicolau (PSD) e dos três colegas do PR: Fred Mota, Cláudio Proença e Sargento Bentes.
A Assessoria de Comunicação da CMM divulgou a seguinte nota sobre o caso:
Nota de esclarecimento
Sobre o episódio ocorrido na manhã desta terça-feira (30), na CMM envolvendo a vereadora Joana e o presidente Wilker Barreto, a Diretoria de Comunicação da CMM informa que quando a sessão já se encaminhava para o encerramento, a vereadora solicitou uma questão de ordem em que a mesa diretora considerou como improcedente porque a mesma não havia sido citada por outro parlamentar, durante a discussão e o presidente considerou encerrar a sessão.
A vereadora já havia utilizado sete de quatro minutos previstos no grande expediente dentro do bloco partidário do qual faz parte o PR. Joana chegou a solicitar comunicado parlamentar, no entanto, o referido tempo já havia sido utilizado pelo líder do PR, vereador Cláudio Proença.
Conforme o Regimento Interno, apenas três vereadores podem utilizar o tempo de comunicado parlamentar, desde que também estejam inscritos. O que não foi feito pela vereadora. Somente estavam inscritos os vereadores Plínio Valério (PSDB), Cláudio Proença (PR) e Raulzinho (DEM).